P – Qual a importância da Semana da Ciência e da Tecnologia para a ESTG?
R – É tentar cativar, não só, os nossos alunos, como toda a comunidade em geral para a Ciência e Tecnologia, que é um tema que tem afastado alguns jovens. Ainda no último fim-de-semana deu um programa na “2”, onde se frisou que em 2005 irão comemorar-se cem anos que Einstein publicou uns teoremas, e aproveitaram a oportunidade para o eleger como Ano da Ciência e da Tecnologia. Entendo que o desenvolvimento do país tem muito a ver com esta área, e nós, como é sabido, a nível nacional e isso também é sintomático na nossa escola, temos os jovens um pouco arredados desta problemática.
P – É portanto uma boa iniciativa para despertar o interesse de potenciais futuros alunos?
R – Sim. Tivemos, principalmente durante terça e quarta-feira, alunos de várias escolas secundárias e profissionais que nos visitaram e viram as nossas iniciativas e os nossos laboratórios, numa tentativa de suscitar o seu interesse pela Ciência e Tecnologia e pela própria ESTG. Queremos mostrar aquilo que temos e que somos capazes de fazer.
P – Que soluções estão a ser ponderadas para inverter o que tem acontecido nos últimos três anos, em que tem havido inúmeras vagas por preencher na ESTG?
R – Há vários factores que levam a que isso aconteça. Por um lado, a proliferação dos cursos na área das Engenharias. Por outro, como já referi, o afastamento de muitas pessoas relativamente a estas áreas e ainda estamos a ser vítimas, um pouco, de nós próprios, das provas de ingresso que temos. É um assunto que tem sido abordado. Nós tínhamos até há bem pouco tempo Matemática e Física como obrigatórias, o que fazia com que muitos alunos “fugissem”, já que era muito difícil entrarem. A partir do ano passado conseguiu-se passar a fazer o seguinte: Matemática e Física, ou Matemática ou Física. Quero ver se é possível contrariar essa tendência, até porque a esta questão acresce a dos 9,5 como nota mínima, que também quero mudar. Mas não é um assunto fácil.
P – Para além dessas questões, o que é que pode mudar no ano lectivo 2005/06?
R – Há mais projectos. Há determinadas áreas que queríamos ver abertas na escola, porque temos recursos para isso. Nunca serão cursos de massas, porque a Guarda não dá para isso, mas será importante ter mais algumas opções. Todos os departamentos estão a trabalhar nesse sentido.
P – Vai ser candidatado algum novo curso para o ano?
R- É um objectivo que está nos projectos da escola. Sabemos as áreas, mas os cursos em si não, mas é algo que terá a ver com os departamentos de Mecânica e de Engenharia Informática.
P – Está previsto o desaparecimento de algum curso?
R – Não. Não é vontade da ESTG fazer desaparecer qualquer curso. No final do último ano lectivo, logo no início da minha actividade como director, fui confrontado com a eventualidade de isso poder acontecer. Mas nos cursos que foram falados na altura, fruto também do trabalho das pessoas nos departamentos responsáveis pelos cursos, conseguiu-se um nível de entradas que possibilita estar dentro do mínimo. Por sermos uma escola do interior, entendemos que devemos continuar a apostar em cursos em que estamos a subir e que as outras escolas têm dificuldades em preencher, para além de apostarmos numa estrutura muito forte em termos de equipamentos e instalações. Mas se o Ministério assim não o entender, estaremos cá para estudar soluções.
P – Como é que encara a promessa da Ministra do Ensino Superior que anunciou recentemente a construção de uma nova ESTG em Oliveira do Hospital até 2007?
R – Julgo que com a diminuição que se está a verificar em termos do número de candidatos ao ensino superior, estar a aumentar a oferta não é uma opção muito correcta, mas não sou ministro, nem tenho aspirações a ser… Agora, acho que tem que haver alguma racionalização dos recursos e uma consolidação das escolas existentes, como a nossa, em termos do número de alunos, porque a área de influência das existentes já é bastante restrita. Dando o exemplo de Engenharia Civil, pelo interior abaixo, e só do Estado, temos Bragança, Vila Real, Lamego, Viseu, Oliveira do Hospital, Guarda, Covilhã, Castelo Branco e Portalegre, o que é realmente um exagero. Portanto, não vejo com muito bons olhos o aparecimento de mais escolas.
P – Depreende-se então que a melhoria das condições de um estabelecimento próximo em termos geográficos pode “roubar” ainda mais alunos à Guarda?
R – Temos que olhar para nós próprios e fazer com que isso não aconteça. Agora, quando já existem em muitas escolas dificuldade em cativar os alunos e quando a oferta é maior que a procura, é problemático estar a aumentar a oferta.