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Famílias do Bairro da Fraternidade poderão passar Natal na nova casa

Quase dois anos depois, prédio de habitação social construído na Guarda-Gare ainda não foi ocupado

Quase dois anos depois, o edifício para habitação a custos controlados construído na Guarda-Gare, que motivou forte polémica política, continua por habitar. Os apartamentos destinados aos moradores do degradado Bairro da Fraternidade há muito que estão prontos para serem ocupados, mas a burocracias e as desavenças políticas têm sido um obstáculo. «Mas tudo se está a fazer para que já passem o Natal na nova casa», assegura Álvaro Guerreiro, vice-presidente da Câmara da Guarda.

O aval do Tribunal de Contas ao negócio celebrado entre a autarquia e a construtora Manuel Rodrigues Gouveia chegou ao município em Fevereiro, só faltando depois a escritura, como garantiu na altura a “O Interior” Maria do Carmo Borges, presidente da autarquia. Contudo, passados dez meses, os 17 fogos prontos a habitar junto à Junta de Freguesia de São Miguel, permanecem à espera dos moradores prometidos há quase dois anos. «O problema está ultrapassado ao nível das novas fracções prediais», garante o vice-presidente da Câmara, agora o que está a ser feito «é uma categorização das prioridades para a deslocação das pessoas para a Guarda-Gare». Neste momento os agregados familiares já estão assinalados, «está feita a tipologia», sublinha Álvaro Guerreiro. Também já foram assinadas as declarações pelas pessoas identificadas, no sentido de aceitarem as rendas sociais que lhes vão ser fixadas nos novos apartamentos. De resto, «não se registou nenhum entrave» às negociações com as famílias, mas «são coisas que levam o seu tempo», justifica. No entanto, está previsto que até ao final do ano «os problemas das primeiras famílias estejam resolvidos», afiança o vice-presidente, revelando serem cerca de 14, «tantas quantas as fracções prediais que dispomos neste momento».

É que a transferência está a obedecer a uma «disposição de prioridades», previamente estabelecida, e que está relacionada com a ordem cronológica de demolição do bairro da Fraternidade, adianta aquele responsável. Para Álvaro Guerreiro, «já é muito importante este primeiro passo», visto que o grande objectivo da autarquia é o de «acabar com todas as habitações insalubres daquele bairro urbano». Porém, há muitos meses que três famílias moram no “prédio da discórdia”, ocupando três dos 20 apartamentos, mas que não integravam o conjunto para substituição das casas do Bairro da Fraternidade. As famílias em causa foram alojadas previamente e devido a carências de ordem sócio-económico consideradas urgentes. Recorde-se que na altura da polémica gerada em torno deste edifício, os vereadores do PSD consideraram o negócio realizado entre a Câmara e a empresa construtora um «caso duvidoso». Na altura, Maria do Carmo chegou mesmo a solicitar a intervenção da Judiciária e do Instituto Nacional da Habitação para dissolver todas as dúvidas, mas o resultado foi o que está à vista: o adiamento de um processo de realojamento de pessoas com necessidades num âmbito económico-social. Tudo indica que agora, resolvidos todos os imbróglios, os moradores do Bairro da Fraternidade possam finalmente vir a ser alojados no prédio ainda «durante este ou o próximo mês», garante Álvaro Guerreiro.

Patrícia Correia

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