Apesar do degelo da Gronelândia, do Fogo Siberiano e da morte dos salmões no Alasca, em Portugal, o sentimento é de fraude climática. “Já não há verões como antigamente!” – dizem. E eu tendo a concordar. Recordo-me bem dos tempos em que chegar aos 40 graus não era uma banalidade e o Festival Sudoeste era de música. A declaração de apocalipse das vendas da coleção Primavera/ Verão 2019 está para breve. Salvam-se as golas anti fumo, boas para aconchegar os pescoços mais friorentos.
Gelados que ficam na arca, cerveja que sobra em festas de Verão e uma atmosfera sem fumo. Num Verão não cumpre os serviços mínimos, com Pedro Nuno Santos, negociador e especialista, em energia nuclear, alarme social e criação de áreas metropolitana no litoral, António Costa deveria pedir um parecer à PGR ou mesmo fazer uma requisição civil do calor. No portal AindaDáParaMaisUnsAjusteDirectos ainda há centenas de familiares e amigos, especialistas, disponíveis para transportar jerricans de gasolina espanhola, para aquecimento das águas de Moledo a Monte Gordo e projetores do filme “Tony”, em praças e avenidas, até à utilização obrigatória de leques.
Morno, o IPMA não concorda com a maioria dos portugueses. Segundo as suas medições oficiais, o mês de julho de 2019 foi mais quente do que a média dos últimos 20 anos. Desconfiando destes dados, na vanguarda da pseudociência, na Guarda continua o corte de árvores. Desta vez no parque de campismo. Porque é bom cativar potenciais campistas com a perspetiva de acordar cedo, numa tenda, com a sensação de peru assado no forno. O excesso de sombra, associado à brisa da serra, ainda constiparia alguém. Seria ainda mais calamitoso para o marketing turístico do concelho do que a inatividade do portal GUARDA.ME, em liberdade, desde o dia 25 de Abril.
Tórrido, segue o aquecimento global do turismo português, que teima em fugir às SCUT, colapsando longe do município. Apesar de ter pedalado bastante para mostrar aos indígenas que vencemos o sprint pela exposição mediática, o “photo finish” da hotelaria é bem mais frio do que as águas do Mondego, na bela Quinta da Taberna. Os números do INE e PORDATA não enganam. Serão necessárias bem mais do que flexões para infletir a realidade. De vendedores de banha da cobra estamos servidos, mas podemos no futuro escolher quem saiba fazer o pino.
Ferve agora a crise energética. Uma moda antecipada pelo serviço de autocarro Guarda-Sabugal, onde o “combustível” deixou de ser assegurado e que deixou apeados os poucos que ainda resistem. Uma boa oportunidade para aquecer, com uma extensa caminhada, se não estivessem quase todos os habitantes dessa zona na corrida de lesma para a colocação de próteses da anca e joelho.
Frias noites que só aquecem com corridas, lutas e açambarcamento tradicionais de uma “black friday”, desta vez de combustíveis, mas sem promoção. Já que no dia que descem os combustíveis está tudo com Gasóleo na Eira e Impostos no Nabal. Um Mad Max à portuguesa que nos prepara para um mundo sobrepovoado difícil de imaginar nestes territórios de baixa densidade, eufemismo para territórios que elegem poucos deputados. O distrito da Guarda elegerá, pela primeira vez, apenas três deputados. Desce em importância e possibilidade de diversificação da escolha. Já Quim Barreiros alertava: «Qual é o melhor partido p´ra votar, sem sofrer nenhum desgosto, pode ser em qualquer um, que PS e PSD entram Agosto».