A Câmara da Guarda vai ceder um terreno junto ao parque industrial para a instalação da nova delegação regional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) e de um centro de acolhimento temporário.
O protocolo, aprovado por unanimidade na reunião do executivo da passada segunda-feira, foi assinado esta quarta-feira entre a autarquia e a diretora nacional do SEF, Cristina Gatões, numa cerimónia que contou com a presença do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita. No âmbito deste acordo, o SEF vai investir cerca de três milhões de euros na construção dos edifícios e criará, «no mínimo», 30 postos de trabalho, revelou o presidente da Câmara. Em contrapartida, o município cede uma área com 15.120 metros quadrados na Quinta da Torre, nas imediações da VICEG e da variante de acesso à A23, por um período de 50 anos. Para este espaço chegou a estar prevista a construção do novo quartel e Comando da GNR. Atualmente, o SEF já tem uma delegação regional na Guarda, na Rua Paiva Couceiro, e integra, com outras entidades, o Centro de Cooperação Policial e Aduaneira de Vilar Formoso. No total, entre inspetores e administrativos, o serviço conta com cerca de duas dezenas de funcionários.
Aos jornalistas, Carlos Chaves Monteiro referiu que são «serviços como este que trazem mais valências e mais pessoas para a Guarda, porque a economia não é só feita pela iniciativa privada». O autarca guardense adiantou que este projeto «tem a ver com aquilo que a Guarda precisa, que são pessoas» e considerou que a nova delegação regional do SEF irá contribuir para «aumentar a capacidade de atração» da cidade e dinamizar a economia local. O vereador do PS Eduardo Brito concorda com a cedência do terreno, mas avisou que «sem economia no centro da cidade não há futuro para a Guarda». O socialista voltou a criticar a «falta de trabalho» da maioria social-democrata para dinamizar e «trazer economia» para o centro da Guarda. «Até agora só tem havido opções que não trazem dinheiro para a economia da cidade, ao contrário do que acontece na Covilhã, no Fundão e em Viseu», contrapôs Eduardo Brito.
O eleito da oposição aproveitou o tema para reiterar que é «um erro» manter o quartel da GNR no centro da cidade. Na resposta, Carlos Chaves Monteiro adiantou que o Comando vai manter-se naquele espaço, que será «melhor aproveitado» de forma a abrir uma nova alameda entre o bairro do Bonfim e a zona central da Guarda. «É intenção da Câmara deitar abaixo o muro do antigo quartel do RI 12 e requalificar o edifício do Comando, num projeto que vai de encontro ao desejo das partes envolvidas», afirmou o presidente do município, para quem este é «um dos piores quartéis distritais que existem no país».
Pedro Fonseca sai do executivo de «consciência tranquila»
A última reunião de Câmara ficou marcada pela renúncia de Pedro Fonseca ao mandato de vereador.
O pedido foi entregue no período de antes da ordem do dia, com o eleito do PS a invocar motivos «políticos e pessoais» para abandonar o executivo guardense. Pedro Fonseca leu o documento, onde declarou: «Tenho a noção de que o meu desempenho não foi perfeito e de que outros teriam desempenhado o mandato bem melhor do que eu, mas julgo que, mesmo assim, mereço sair de consciência tranquila e de cabeça erguida». Antes de abandonar a sessão, o socialista pediu ao presidente Carlos Chaves Monteiro que incluísse na ordem de trabalhos uma proposta da sua autoria para alargar «o apoio à esterilização e castração de cães e gatos a munícipes que se encontrem integrados em situação de comprovada carência económica». A sugestão foi aceite e votada por unanimidade. De seguida, Pedro Fonseca, que se emocionou ao ler o pedido de renúncia, abandonou a sala de sessões, despedindo-se dos restantes membros do executivo.
A independente Cristina Correia, número três da lista liderada por Eduardo Brito nas últimas autárquicas, deverá assumir funções na próxima reunião de Câmara, em agosto. Pedro Fonseca demitiu-se na semana passada da liderança da Federação do PS da Guarda na sequência do chumbo pela Comissão Política Distrital da sua proposta de candidatos às legislativas de 6 de outubro. No final da reunião, Eduardo Brito disse aos jornalistas que discorda da decisão de Pedro Fonseca, «mas respeito e compreendo». E considerou que o agora ex-vereador deu «um grande contributo para que concorrêssemos com dignidade nas autárquicas de 2017, quando todos abandonaram o PS». Na sua opinião, esta saída «não fragiliza» a oposição à maioria social-democrata, mas sempre admite que «era melhor que Pedro Fonseca continuasse. De resto, Eduardo Brito antevê tempos conturbados parta o PS na Guarda por causa da lista às legislativas.
Por sua vez, Carlos Chaves Monteiro reconheceu ao eleito da oposição «competência e dignidade» no desempenho do cargo. «Houve alguns momentos de tensão, mas não tenho dúvidas que deixa uma boa marca», concluiu o presidente da Câmara. Nesta sessão todos os 25 pontos da ordem do dia foram aprovados por unanimidade.