P – Vai passar a integrar a elite da arbitragem portuguesa. Como encara este desafio?
R -Trata-se de um desafio aliciante, mas também de grande responsabilidade. Chegar aqui é o resultado de 12 anos de muita dedicação e trabalho diário a nível físico, técnico e mental. A arbitragem na 2ª categoria nacional (Campeonato de Portugal) obriga já a uma dedicação semanal, em média, de 20 horas. Portanto, para se chegar ao patamar das competições profissionais são necessários sacrifícios e uma visão “quase profissional” da actividade. Ainda assim, tenho a sorte de fazer tudo isto com grande paixão, o que torna tudo muito mais fácil e viável. O desafio que tenho pela frente corresponde a um patamar diferente a todos os níveis. Estamos a falar de futebol profissional, onde as estruturas, a organização, as práticas e a competição são, em toda a linha, completamente profissionais.
P – Acredita ter condições para ficar integrado nesse escalão de forma permanente?
R – Antes de pensar se terei ou não condições para integrar por muito tempo este escalão é importante pensar primeiro em quais são as competências necessárias para estar neste patamar. Eu sei quais são, pelo que me resta trabalhar para alcançá-las. O desporto a este nível não permite estagnação, obriga a melhoria constante e contínua e é nesta base que está o meu foco: trabalhar com vontade de evoluir!
P – Acha possível um dia chegar a árbitro da categoria principal deste escalão? Quais as maiores dificuldades que enfrenta para o conseguir?
R – Não adianta idealizar ou sonhar se depois não aliarmos a isso um trabalho realista e de suporte. Como disse, comprometo-me apenas em trabalhar de forma profissional, com vontade de ir mais além. Espero que este trabalho possa corresponder também a uma evolução contínua na carreira. O desporto atual obriga a uma multidisciplinaridade de competências, tanto a nível físico, técnico, como, principalmente, a nível mental e o trabalho desenvolvido deve ir ao encontro disso mesmo.
P – Como avalia a arbitragem distrital da região?
R – A arbitragem no distrito de Castelo Branco está a atravessar um período de alguma indefinição. Existem jovens com bastante potencial a iniciar a atividade, existem outros árbitros já com alguma maturidade que se estão a lançar, há outros com créditos já firmados que estão na altura do “tudo ou nada” e depois existem os mais “veteranos”, muitos deles com passado rico na arbitragem, que me parecem estar algo desmotivados. A meu ver, falta acompanhamento e formação para os mais novos e é indispensável uma mais cuidada “gestão da carreira” para os mais velhos. Na região, é justo também destacar e valorizar o bom trabalho desenvolvido pelo Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol da Guarda. É constituído por jovens e tem feito um trabalho excepcional na formação, no desenvolvimento e na promoção dos árbitros do distrito. Hoje, a Guarda tem várias figuras de destaque na arbitragem nacional e penso que é um exemplo a seguir pelas associações distritais do interior.
P- A arbitragem é sempre muito criticada. O que o levou a escolher esta vertente do desporto?
R- Não perco muito tempo a pensar sobre isso, faz parte. Iniciei a minha carreira de árbitro aos 17 anos, muito por culpa do Campeonato do Mundo de 2006. Esse Mundial foi de altíssimo nível, não só no futebol jogado mas também nos árbitros. Lembro-me que, para dirigir a final, se analisássemos o quadro de árbitros da competição, existiam, à vontade, dez nomes de grande credibilidade para o fazer. Além disto, sempre tive o futebol presente em minha casa. O meu pai jogou a nível distrital e nacional, os meus avôs são apaixonados por desporto (o meu avô materno foi inclusive árbitro), o meu irmão jogou futebol comigo na formação do Futebol Clube Estrela de Unhais da Serra (o clube da minha terra) e, portanto, penso que nasci num ambiente propício a enveredar por uma qualquer área do desporto. Depois da experiência como jogador de futebol na formação, escolhi a arbitragem. Hoje percebo que é, de facto, a minha grande paixão desportiva e aquilo que me mantém ligado à modalidade.
Perfil de Luís Máximo:
Árbitro de Categoria C2 da arbitragem de elite da FPF
Naturalidade: Unhais da Serra (Covilhã)
Idade: 29 anos
Profissão: Gestor de produção/ estudante
Currículo: Mestre em Ciências Farmacêuticas e mestre em Engenharia e Gestão Industrial; Tirou o curso de árbitro em 2007, tendo subido à 3ª categoria nacional em 2011; em 2013 ascendeu à 2ª categoria nacional e à elite da mesma em 2016. Em 2017 desceu à 2ª categoria nacional, tendo atingido a elite novamente em 2019.
Filme preferido: “Em Busca da Felicidade”, de Gabriele Muccibno
Livro preferido: “Labirinto de Mágoas”, de Daniel Sampaio
Hobbies: Ler, conversar e treinar