Maioria e oposição divergiram sobre contas consolidadas do município de 2018, com os socialistas a acusarem os sociais-democratas de falta de estratégia «estrutural» para o desenvolvimento do concelho. Carlos Chaves Monteiro rejeitou as críticas.
Os vereadores do PS votaram contra as contas consolidadas de 2018 do município da Guarda porque refletem «as opções políticas da maioria com as quais não concordamos» e sobretudo porque «tudo o que é estrutural não está a ser feito e por isso é que a Guarda se atrasa relativamente às cidades vizinhas».
O diagnóstico é de Eduardo Brito, que no final da reunião do executivo da passada segunda-feira afirmou mesmo que «a estratégia do município nos últimos seis anos teve como único objetivo levar Álvaro Amaro para o Parlamento Europeu», e resultou. Para o socialista, o «abandono» do centro histórico, a «falta de atração» de empresas e de apoio aos investidores e às pessoas estão «patentes nas contas de 2018». Mais preocupante será também o valor da dívida da autarquia, mas neste caso o vereador prefere esperar pelo fecho da negociação com a Águas de Portugal: «Só quando esse dossier estiver encerrado é que poderemos ver com todo o rigor o valor da dívida», disse Eduardo Brito, que promete convocar um «debate» sobre as contas do município quando houver acordo na água e saneamento.
Na resposta, Carlos Chaves Monteiro constatou que a oposição votou «em coerência» com o que tem feito, mas não concordou com as críticas. «O município tem investido mais nas funções económicas, que tiveram no ano passado uma dotação de 4,5 milhões de euros, e nas funções sociais, com 520 mil euros, para apoiar o desenvolvimento e o bem-estar dos cidadãos», afirmou o presidente da Câmara. O edil negou também que haja falta de investimento no centro histórico e elencou a aquisição de duas casas contíguas à sede da CIMBSE, na Praça Velha, a disponibilização de 13 habitações na Rua dos Cavaleiros, as obras do “Condomínio das Associações” no Torreão, da Torre dos Ferreiros e, brevemente, no Largo da Misericórdia. «Aguardamos também que a Ordem dos Engenheiros nos apresente um projeto que valorize a Praça Velha», acrescentou, concluindo que «estes exemplos demonstram que há investimento no centro histórico e que os vereadores do PS estão desatentos».
Os socialistas consideraram também que a despoluição do rio Noeme está a decorrer de forma «demasiado lenta» e que, até agora, as intervenções levadas a cabo são «mera cosmética». Eduardo Brito disse que os principais focos poluidores continuam por resolver e criticou a maioria por se «contentar com coisas superficiais e com as obras dos outros», numa alusão à ETAR do Torrão, que considerou «importante» para a despoluição do rio. «É um trabalho que tem que ser feito neste mandato, custe o que custar», desafiou o vereador. A este propósito, o presidente da Câmara revelou que foi contratada uma empresa para identificar os focos poluentes para serem tratados. «Esta tem sido uma preocupação da autarquia, que tem estado a trabalhar isoladamente e com a Águas do Vale do Tejo para que não haja poluição neste curso de água e no rio Diz», adiantou Carlos Chaves Monteiro.
Novos bancos e floreiras na Rua do Comércio
No final da reunião quinzenal Carlos Chaves Monteiro adiantou aos jornalistas que há um empresário de Oliveira do Hospital que quer reabrir a Confama, fábrica de confeções de Famalicão da Serra, e com mais trabalhadores.
«Mas há condicionantes que precisam ser ajustadas, nomeadamente os direitos dos trabalhadores e dos credores», afirmou o autarca, que se escusou a revelar mais pormenores. O presidente confirmou ainda que foram novamente colocados bancos e floreiras na Rua do Comércio e que desta vez é o mobiliário adequado. «Os anteriores foram retirados porque não eram adequados em termos do projeto», confirmou Carlos Chaves Monteiro, que não adiantou os custos da colocação deste mobiliário urbano por não ter presente no momento o valor em causa. «Há um ligeiro acréscimo porque estes não são exatamente iguais ao previsto», disse apenas. Recorde-se que a autarquia gastou, em 2016, mais de 100 mil euros na colocação de bancos e floreiras naquela rua do centro histórico que depois foram retirados.
Nesta sessão o executivo aprovou, por unanimidade, a concessão da piscina fluvial na barragem do Caldeirão e do bar à Associação Raiz de Trinta. A coletividade pagará uma renda mensal de 825 euros, mais IVA, sendo que o espaço de lazer vai abrir no início de julho. A Câmara deliberou ainda abrir concurso público para a pavimentação e melhoria de acessos e passeios nos aglomerados rurais da freguesia da Guarda. Serão intervencionadas as localidades dos Galegos, Carapito, Alfarazes e Cabreira, num investimento previsto de 175 mil euros, mais IVA. Na segunda-feira, o executivo decidiu hoje, por maioria, rejeitar a transferência de competências da administração central em áreas como a educação e a saúde, entre outras, por não estarem reunidas as condições necessárias «do ponto de vista financeiro, do investimento e até do ponto de vista social e laboral dos trabalhadores», justificou o presidente.