O PS venceu inequivocamente as eleições europeias em Portugal. Mas os 69% de abstenção, mais 3% do que em 2015, são o principal denominador das análises a umas eleições onde os portugueses, uma vez mais, não mostram grande interesse.
A realidade indesmentível é que a União Europeia assegurou o maior período de paz e prosperidade na sua área geográfica desde os tempos medievais, talvez mesmo desde a “pax romana”, num continente que só na primeira metade do século XX foi o berço de duas guerras mundiais que o arrasaram com um custo de cerca de 100 milhões de mortes. A UE pode ser passível de todas as críticas, mas o facto objetivo é que até agora não se inventou nada melhor. Apesar disso, e das muitas transformações de Portugal desde a entrada na Europa, os portugueses continuam a não ligar muito à eleição dos seus deputados com a participação de apenas 30% do eleitorado.
O PS, não teve nestas eleições um resultado extraordinário, mas teve uma vitória clara com 33,5% dos votos, com mais 11% do que o PSD, que foi o grande derrotado em Portugal com 22% – aliás, sozinho, o PSD nunca antes tinha tido menos de 30% em eleições europeias. E, pior, o PSD perde muita dinâmica para as eleições legislativas. O PSD elege 6 deputados – Álvaro Amaro, que era o quinto da lista laranja, foi assim eleito para o Parlamento Europeu. Apesar da vitória política de António Costa, a verdade é que teve menos votos do que a famosa vitória do “poucochinho” de António José Seguro.
Também o BE foi um grande vencedor e a grande surpresa foi a entrada para o PE do Pessoas-Animais-Natureza (PAN).
Os derrotados foram claramente o PSD, foram Rui Rio, Paulo Rangel e Álvaro Amaro, porque ter apenas 22% dos votos é uma derrota pesada para um partido como o PSD, para o seu líder e para os principais nomes integrantes da lista. Mas também o CDS, em especial Nuno Melo, e a CDU que continua a perder votos.
Na região, sem surpresa, os socialistas dominaram, ainda que com uma ligeira vantagem sobre o PSD. E se houve concelhos como Foz Côa ou Sabugal onde se esperava a vitória laranja, mas ganhou o PS, é sem dúvida no concelhos de Gouveia e Guarda que os resultados são mais inesperados: o concelho natural de Álvaro Amaro, onde a Câmara Municipal continua a escolher o PSD, mas foi o PS o partido mais votado nestas europeias; e no concelho da Guarda, que nas autárquicas deu uma enorme maioria à reeleição de Álvaro Amaro escolheu nas eleições europeias o PS – são obviamente umas eleições diferentes mas não deixa de ser curioso que no concelho onde nasceu, Gouveia, tenha ganho o PS e no concelho onde era autarca, a Guarda, Álvaro Amaro não tenha funcionado como estandarte e mais valia eleitoral.