A esperança já não mora na Dura Automotive. A empresa de componentes para automóveis sediada em Vila Cortês do Mondego, na Guarda, vai sofrer um rude golpe com a saída do seu «maior e melhor cliente» no final de agosto, o que poderá pôr em risco a continuidade da fábrica e se traduzirá no despedimento de 50 trabalhadores.
A má notícia foi comunicada aos cerca de 160 funcionários na passada sexta-feira num plenário promovido pela comissão de trabalhadores. «Fomos informados que o principal cliente, responsável por 50 por cento da faturação da empresa na Guarda, acaba a 31 de agosto. E se não houver alterações cerca de 40 a 50 pessoas irão para o desemprego nessa altura», disse um dos funcionários, que pediu para não ser identificado, a O INTERIOR. «Perder este cliente será o fim da Dura na Guarda se a administração não encontrar alternativas de peso para manter a atual capacidade de produção», acrescenta a mesma fonte, que lamenta que esta situação não tenha sido comunicada aos funcionários pela administração. «Foi a comissão de trabalhadores que revelou o que se está a passar, os administradores não tiveram coragem de nos confrontar com a situação», refere o trabalhador.
Ao que O INTERIOR apurou, o cliente em causa é a Boco, um fornecedor da Mercedes, que foi adquirida recentemente por um grupo concorrente e que estará agora a eliminar fornecedores para assumir todas as encomendas. «O futuro da Dura não é nada animador e desta vez as pessoas já não acreditam que haja soluções e novas encomendas para evitar despedimentos ou mesmo o fecho da fábrica. Este desfecho nunca esteve tão perto como agora», receia o funcionário. A comissão de trabalhadores vai realizar na manhã de segunda-feira novo plenário para fazer o ponto da situação. Entretanto, esta quarta-feira a administração da empresa reuniu com o ainda vice-presidente da Câmara da Guarda, Carlos Chaves Monteiro. Isto depois do assunto ter sido abordado na última reunião do executivo, realizada na segunda-feira. «A ser verdade que pode estar em causa o despedimento de trabalhadores devido à deslocalização do maior cliente da Dura, então isso deve preocupar a AICEP e o Ministério da Economia», disse Álvaro Amaro.
Segundo o autarca, esta reunião serviu para «analisar as razões da saída para recuperar a capacidade de atração», numa tarefa que deve mobilizar «todos, autarquia, Governo, empresa e trabalhadores, porque é preciso saber porque é que Portugal está a deixar de ser competitivo». Em novembro último, a Dura Automotive já tinha sido notícia pela não renovação de contratos e saídas por mútuo acordo de cerca de 40 trabalhadores, muito por culpa de uma redução da produção devido a um projeto que terminou. A empresa é uma das mais antigas a laborar na Guarda no setor dos componentes e acessórios para automóveis e está instalada desde a década de 90 do século passado nas instalações da antiga FEMSA, em Vila Cortês do Mondego.
Futuro da Dura Automotive em risco com saída do maior cliente
Fim das encomendas da Boco, fornecedor da Mercedes, a 31 de agosto e vai resultar no despedimento de cerca de 50 pessoas e, na pior das hipóteses, no fecho da fábrica se não forem encontradas alternativas para manter a produção