«É o processo de consulta mais participado de que há memória», afirmou o presidente da Câmara da Guarda, Álvaro Amaro, à margem da última reunião do executivo, que decorreu na passada sexta-feira, onde foi anunciada a decisão.
Foi em junho passado que a autarquia guardense apresentou um estudo da consultora Ventura Office Global Architects Associates, do Porto, que sugeria sete possíveis localizações e as previsões de custos de cada uma: estádio municipal (21,5 milhões de euros), zona da feira quinzenal (13,8 milhões), antiga fábrica Tavares, no Rio Diz (12,7 milhões), terreno junto à rotunda das Portas da Cidade, mais conhecida por rotunda da mão (13,1 milhões), antiga fábrica da Delphi, na Estação (13,1 milhões), Quinta da Maúnça (14,9 milhões) e parque urbano do Rio Diz (10,2 milhões). Estava lançada a discussão, que, por sugestão dos munícipes, teve ainda em análise mais três locais. O Centro de Exposições Transfronteiriço, assim será designada a nova estrutura, terá um custo de 9 milhões e uma área de 10 mil metros quadrados. Segundo o autarca, o «indicador financeiro» terá pesado na decisão, pois, dos locais em análise, o do rio Diz apresentou um «custo global de construção mais baixo», embora não o fosse na primeira proposta apresentada.
Álvaro Amaro acrescentou que este é o «o local ideal» e acredita que irá promover «uma nova centralidade na Guarda». Ainda sem financiamento garantido, o edil alertou que os trabalhos não começarão «em menos de dois anos», uma vez que, depois de aprovado o local, será ainda necessário um projeto, adjudicar a obra e submeter o processo ao Tribunal de Contas. A proposta foi aprovada por unanimidade, sendo que os vereadores do PS consideram a localização «boa» e que «rentabiliza um terreno que já é do município», justificou Eduardo Brito. Para o vereador socialista, esta é uma «infraestrutura importante no processo de afirmação da Guarda».
Decidida e aprovada, por maioria, nesta sessão foi também a adjudicação da obra dos “Passadiços do Mondego”, que «infelizmente ainda não tem financiamento», referiu Eduardo Brito. No entanto, Álvaro Amaro considerou que é «necessário assumir este risco» porque «é uma obra estruturante para uma componente da economia da Guarda, o turismo». O processo será agora enviado para o Tribunal de Contas e o edil estima que no final do Verão ou até ao final do ano «estaremos em condições de começar a obra», de forma a que no Verão de 2020 já se possa inaugurar, pelo menos, parte dela. Na sexta-feira foi ainda aprovada a atribuição e alienação de quatro lotes da Plataforma Logística para a empresa Geekteck Center, Lda para a criação de um Data Center e a possibilidade de empregar 50 pessoas.
Transformação da Pousada da Juventude em residência de estudantes é «um disparate histórico»
A marcar grande parte da última reunião do executivo esteve mais uma vez a Pousada da Juventude da Guarda. Depois das declarações do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, que davam como certa a transformação daquele edifício em residência de estudantes, o edil guardense considerou a decisão «um disparate histórico».
Surpreso com as afirmações de João Paulo Rebelo, Álvaro Amaro diz que «a Câmara sempre se mostrou disponível» para a reabrir a Pousada da Juventude e revelou que «há mais de um ano» que o município espera uma resposta do Governo sobre o modelo de gestão que permita reabrir o edifício. O edil apela «ao bom senso» e alerta que a requalificação da pousada para acolher estudantes «não resolve de imediato» a questão de falta de alojamento para alunos do IPG. «Tenho propostas na mesa para resolver esse problema no curto prazo», garantiu. Estre as opções está a “Casa das Lurdinhas”, na qual o presidente da Câmara está «disponível para ajudar a fazer as obras». A proposta já foi analisada com a Diocese da Guarda, proprietária do espaço, só faltará «a resposta do IPG», adiantou o edil.
Outras das opções poder ser «transformar o subsídio anual ao IPG, de 30 mil euros, em arrendamento privado», sendo que os estudantes passariam a arrendar «quartos no mercado privado e a Câmara pagava». Álvaro Amaro fala em «toda a disponibilidade do mundo» e tem agendada para esta sexta-feira uma reunião com o presidente do Politécnico, Joaquim Brigas. Álvaro Amaro continua a pedir também a mudança de instalações do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) para as antigas instalações da Infraestruturas de Portugal. Um edifício que «está a degradar-se numa artéria principal da cidade» e, caso essa mudança se concretizasse, a antiga residência feminina poderia ser recuperada e entregue ao IPG.
Do lado da oposição as opiniões dividiram-se. Pedro Fonseca concorda com a opção do Governo de transformar a Pousada em residência de estudantes, mas Eduardo Brito está com Álvaro Amaro. Contudo, os dois eleitos do PS voltam a estar de acordo para dizer que «se chegou aqui por inércia da Câmara». Quanto à possibilidade de substituir o apoio atribuído ao IPG por arrendamento, os vereadores discordam do presidente da Câmara e sustentam que «não pode ser substituição, mas um complemento». De resto, Pedro Fonseca recordou que a Guarda «não está prestes a ficar sem Pousada», acrescentando que «foi em 2012 que o Governo de Passos Coelho decidiu retirar a Pousada à Guarda».
Este é, no entanto, um caso encerrado. Na passada terça-feira foi publicado em “Diário da República” o plano de intervenção para a requalificação e construção de residências de estudantes, onde consta já o nome da antiga Pousada da Juventude da Guarda, que passa assim a integrar o Fundo Nacional de Reabilitação do Edificado.