P-O projecto Samurai – Serviços e Aplicações Multimédia em Ambiente Hospitalar, Universitário e Urbano representa uma reviravolta no sistema de ensino e aprendizagem?
R- O Samurai apareceu porque havia a necessidade de ter meios na universidade para ensinar, que suportem a informação e que sejam mais atractivos para os alunos. Hoje em dia não faz sentido estarmos a ensinar, a fazer projectos ou trabalhos sem recorrer aos computadores e à Internet. Sentíamos uma grande dificuldade e falta de meios para podermos concretizar os nossos objectivos e conseguir que o ensino fosse aliciante para os alunos. Pretendíamos ter uma plataforma de ensino electrónico, não à distância, porque aqui criamos também ensino presencial, mas com o recurso a meios electrónicos que permite distribuir trabalhos de casa, fazer testes e uma aprendizagem individual de uma forma dinâmica.
P-O Samurai foi, portanto, um estímulo para os alunos estudarem?
R- Penso que sim. O projecto só vai estar a funcionar em larga escala neste semestre, mas por toda a curiosidade e entusiasmo que os alunos têm tido pela rede sem fios, penso que vai ser um desafio e um estímulo para estudar.
P- Enquanto o prazo para o Samurai está a acabar, o departamento já tem outro projecto aprovado, o Semente, para o desenvolvimento do e-learning?
R- Até Novembro há Samurai e poderá haver ainda um Samurai 2, porque há a possibilidade de o candidatar ao PRAI Centro. Provavelmente este não será o último Samurai. O Semente é para desenvolver os conteúdos do e-learning, pretendendo-se sistematizar esse processo de desenvolvimento de conteúdos não só estáticos mas também dinâmicos, bem informatizados num site da Internet.
P- Mas como se vai desenrolar?
R-O Semente é um projecto da área das engenharias e da medicina, que pretende também melhorar o ensino e a forma de estar dos alunos no secundário. Nas engenharias, os alunos têm dificuldades em passar para o segundo e terceiro ano, e mesmo chegando ao terceiro ano da Universidade, têm algumas dificuldades nas matemáticas e na física por falta de preparação anterior. Este projecto é também uma pequena semente para a interacção que queremos fazer com as escolas secundárias
P-O departamento tem ainda muitos projectos e propostas para as telecomunicações e multimédia. Faria sentido criar na UBI um pólo do Instituto das Telecomunicações (IT), à semelhança do que existe em Lisboa, Coimbra e Aveiro?
R-É um sonho conseguir criar aqui o IT Covilhã. Já existe o Laboratório, mas era preciso desenvolver um edifício de raiz e um centro de investigação bastante forte em telecomunicações e redes. É preciso subirmos uma etapa de cada vez e criar equipas aos poucos, formar as pessoas, engenheiros de pós-graduação para que a equipa amadureça e consiga ganhar dimensão e massa crítica para constituir uma estrutura dessas. Isso é um sonho para concretizar numa década, mas penso que seria, do ponto de vista da estratégia da universidade, importante fazer esse esforço.
P-A formação da equipa especializada é o único obstáculo?
R-Quando existir massa crítica, tornar-se-á relativamente fácil estruturar uma proposta nesse sentido. É prematuro tentar pedir financiamento para um centro de investigação com funcionamento próprio na UBI. Acho que é importante crescermos primeiro a um nível que permita depois cativar financiamento e que justifique que a universidade invista para ser sócia do IT, atraia empresas de telecomunicações que nos apoiem e investiguem connosco.
P-As telecomunicações poderiam ser a nova aposta da UBI?
R-Criar um ramo em telecomunicações poderá ser estratégico a breve prazo. Já existe a licenciatura em Engenharia Informática e penso que seria bastante importante apostar também nas telecomunicações. Para o interior do país, longe dos grandes centros, julgo que as telecomunicações são o motor-chave do desenvolvimento.