Estive a pensar com os meus botões nestas medalhas que vieram de Atenas. Foi a melhor prestação portuguesa de sempre e sobretudo pelo número de gente presente em finais. Três medalhas são também um excelente resultado para quem não está habituado a ganhar. Mas isto representa que entre os países europeus de dez milhões de habitantes somos os piores destacadamente. E entre os de cinco a quinze milhões estamos mesmo mal. Holanda, Hungria, República Checa, Grécia, Lituânia e Croácia arrecadaram quase uma centena de medalhas. As potências de dez milhões.
A diferença está na importância dada à cultura física nas escolas. A política de educação percebeu que gente mais saudável é gente mais inteligente. Portugal tem uma política de incentivos ao desporto que assenta na incúria, no desleixo e na caricatura. Somos o único lugar do mundo em que as balizas perseguem os praticantes. Somos dos poucos lugares em que após mais de dez mortes nos campos não houve inquéritos, não se fez investigação. Andam drogas novas a matar os nossos filhos? Andam a fazer-se treinos desadequados à fisiologia? Que levou à morte de dezenas de praticantes nos últimos anos? Quem orienta a educação física? Que escolas de motricidade produzem que técnicos? Os meus pobres botões cansaram-se de analisar as medalhas e meteram-se nas casas mais tristes que nunca. Lá estava a minha auto-comiseração a dar cabo da glória helénica. Ora bolas! Bem, isso não, que me lembra o triste futebol.
Por: Diogo Cabrita