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Mineiros recusam trabalho extraordinário e preparam greve

Sindicato reclama mais 50 euros por considerar que há condições para aumentos na Panasqueira

Os trabalhadores das Minas da Panasqueira estão, desde o início do mês, a recusar todo o trabalho extraordinário, revelou o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM). Em comunicado, o STIM anuncia ainda que os mineiros vão paralisar na última hora do segundo período de trabalho normal de cada turno, durante oito dias úteis, a partir de 15 de Setembro, inclusive.

Através desta acção, os trabalhadores pretendem reivindicar da empresa concessionária das minas, a Beralt Tin & Wolfram (BT&W), melhores salários, ao mesmo tempo que o STIM se queixa de discriminação e desrespeito pelos direitos contratuais. Estava prevista para o início deste mês uma reunião com a administração da empresa para abordar a questão dos aumentos salariais e dos subsídios, uma reivindicação antiga e que tem a ver com o aumento da produção. Contudo, a BT&W já disse que os actuais preços de mercado «ainda não permitem prometer certos valores», recordando ainda que a empresa passou por «uma crise difícil», sublinhou em Agosto o director-geral, Fernando Vitorino, a “O Interior”. Opinião divergente tem o STIM: «Há quatro anos que não há aumentos e a empresa dá sempre a mesma desculpa: falta de produção e de condições de mercado», explicou António Matias, dirigente sindical, que pede um aumento de 50 euros para os trabalhadores. «Nos últimos meses, as minas alcançaram uma produção de 140 toneladas e o preço do volfrâmio subiu. Por isso, julgamos que há todas as condições para que nos sejam dados aumentos», disse o sindicalista, que denuncia que os mineiros admitidos nos últimos meses estão a ganhar ordenados superiores aos dos funcionários mais antigos. «Parece-nos que a empresa se serviu dos apoios do Estado para pagar esses ordenados», acusa o dirigente.

Mas Fernando Vitorino insiste que a empresa está «sem condições» para aumentar os salários. «Em Fevereiro a mina estava para fechar, conseguimos continuar com a ajuda do Fundo de Garantia Salarial, mas ainda não há uma situação de equilíbrio», disse aquele responsável, explicando que a BT&W «ainda trabalha com material obsoleto e tem elevados custos de manutenção». Em contrapartida, o director-geral adianta que a administração poderá vir a admitir um eventual prémio de produção, «se atingirmos determinadas metas, mas essa hipótese já foi recusada pelo sindicato», sublinha. Quanto aos mineiros recentemente admitidos, sobretudo “pajadores”, Fernando Vitorino refere que a Beralt Tin & Wolfram contratou em Abril e Maio vários trabalhadores especializados que «já conhecíamos por terem passado pela Panasqueira», mas que exigiam salários «quase» de topo da carreira. O requisito foi aceite pela concessionária para, segundo o director-geral, «evitar que fossem para outras obras». Garante, contudo, que «toda a gente vai ser colocada no seu lugar com as devidas promoções ainda em Setembro, se tudo correr como esperamos». As Minas da Panasqueira, actualmente com 264 trabalhadores, foram apoiadas pelo Estado através do Fundo de Garantia Salarial da Segurança Social para o pagamento dos salários nos últimos seis meses. Entretanto, na semana passada, Fernando Vitorino alertou para o facto do atraso na entrega de novas máquinas comprometer a viabilidade da exploração. Os salários do mês de Agosto já foram suportados pela BT&W, mas «com o equipamento actual registamos quebras de produção e gastamos mensalmente entre 60 e 80 mil euros em reparações», refere o director-geral. Recorde-se que a empresa solicitou ao Governo o prolongamento do Fundo de Garantia Salarial até Novembro para permitir a entrada em funcionamento de três novas máquinas, adquiridas em “leasing”. Trata-se de maquinaria «bastante sofisticada», adianta aquele responsável, que irá permitir a exploração de novos filões e a «redução do custo de produção».

Luis Martins

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