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Aeronaves são a solução para combate a incêndios no interior do país

Concelho do Fundão foi a base do estudo desenvolvido por aluno licenciado na UBI

Aeronaves como os UAV (Unmanned Air Vehicles – aeronaves não tripuladas) e os MCR 01, desenvolvidos pela EADS – Companhia Europeia Aeronáutica e Espacial de Defesa, equipadas com um sistema de radar panorâmico, câmaras de infravermelhos e vídeo, são as soluções apontadas por Nuno Neto, licenciado em Engenharia Aeronáutica pela Universidade da Beira Interior, para combater os incêndios no concelho do Fundão.

Na sua tese de licenciatura “Meios Aéreos num Sistema Integrado de Vigilância e Combate a Incêndios no Interior do País – o caso do concelho do Fundão”, apresentada publicamente na última segunda-feira na autarquia, Nuno Neto considera que as aeronaves são os meios aéreos mais eficazes no combate às chamas no concelho e na Serra da Gardunha por acederem a todos os pontos de água e devido às características geográficas da zona: serra muito ventosa, com enormes declives e cujo ponto mais alto se situa a 1.227 metros de altitude. Para o jovem engenheiro, os UAV são uma das soluções para vigiar a floresta do concelho com custos reduzidos (cerca de 25 mil euros para a sua aquisição), acrescendo ainda a vantagem da UBI se encontrar actualmente a desenvolver uma aeronave não tripulada, o SkyGu@rdian (ver texto nesta página). Já o serviço de vigilância disponibilizado pelo MCR 01 apresenta um baixo custo de 600 euros por hora (em comparação, um helicóptero custa cerca de três mil euros por hora)e custa cerca de 350 mil euros. Esta aeronave tem a vantagem de transmitir dados e imagens em tempo real para um posto de recepção fixo até uma distância de 100 quilómetros. Celebrar protocolos com aeroclubes é ainda uma das soluções indicadas pelo jovem, sendo uma opção mais barata por haver apenas custos de manutenção, cerca de 150 euros por hora. «Os custos da vigilância não são significativos quando comparados com os prejuízos dos incêndios», sustentou Nuno Neto para justificar a importância do estudo.

No combate a incêndios podem ainda ser utilizados hidroaviões (aerotanques pesados), graças às barragens de Idanha-a-Nova, Meimoa, Santa Águeda e Santa Luzia, localizadas à volta do concelho, apesar desta última não ser própria para a operação de aerotanques pesados por causa de uns cabos de alta tensão. Quintãs, Mata da Rainha, Atalaia do Campo, Escola Secundária do Fundão, Silvares e Janeiro de Cima são ainda apontados como excelentes locais para centros de comando e evacuação de emergência. Apesar de ser um estudo onde falta «limar algumas arestas», Nuno Neto espera que a Câmara do Fundão implemente em breve as medidas de prevenção e de combate a incêndios preconizadas. Para isso, sugere a construção de um heliporto nacional que sirva todas as zonas do país e a criação de uma empresa intermunicipal para a vigilância dos concelhos da nova Comunidade Urbana, bem como um centro de protecção civil informatizado e actualizado com toda a informação da comunidade e região.

«Apesar de serem mais-valias, a vigilância só com aviões ligeiros nem sempre é suficiente», retorquiu Rui Esteves, coordenador distrital do Serviço Nacional de Protecção Civil, para quem «nem sempre se consegue essa informação em tempo real». Este responsável apontou algumas incoerências que decorrem por o jovem engenheiro «nunca» o ter contactado durante a realização do projecto. Embora considere que o ideal era ter «dois aviões e mais um helicóptero» na região para combater os incêndios, Rui Esteves chamou ainda a atenção para outros meios localizados «num raio de 30 quilómetros», caso dos helicópteros sediados em Seia, Pampilhosa da Serra, Figueiró dos Vinhos e Moimenta da Beira. Já o segundo comandante dos Bombeiros Voluntários do Fundão, José Carreira, disse «preferir um bom helicóptero a dois ou três aviões», enquanto que o comandante da corporação, António Antunes, chamou a atenção para os custos dos meios. Ainda assim salientou a «boa ideia» de criar uma empresa intermunicipal para a gestão de toda a informação. Apesar das críticas, Rui Esteves saudou a preocupação da UBI nesta matéria e desafiou a autarquia a «liderar uma candidatura aos fundos comunitários para que o Fundão tenha meios aéreos em 2005». Um repto que a autarquia só deverá atender «quando a Comunidade Urbana estiver constituída», disse o vice-presidente Carlos São Martinho.

Liliana Correia

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