Até ao final de 2005, o Centro Hospitalar da Cova da Beira terá toda a informação clínica dos utentes em suporte digital. O processo da gestão da digitalização clínica está a «dar passos largos» para que no final do próximo ano esteja a funcionar em pleno no Hospital do Fundão e no Pêro da Covilhã, as duas unidades agregadas ao CHCB.
A informatização dos dados já está a funcionar como “experiência-piloto” nas consultas externas, para detectar erros e limar arestas. Apesar de parecer fácil, trata-se de um processo «extremamente complexo porque tem que se reformular todos os processos interiores para um novo modelo», explica Miguel Castelo Branco, presidente do Conselho de Administração. «Não é possível mudar todos os procedimentos e atitudes de um hospital com o clicar dos dedos. O que pretendemos é fazer a transição de forma a envolver as pessoas», diz, acrescentando que «todos os profissionais do hospital têm que estar envolvidos neste processo de mudança através de formações e dando tempo para as pessoas adquirirem as novas metodologias». «Se tudo correr bem, esperamos ter isto a funcionar no final de 2005, até porque há vários projectos candidatados à Saúde XXI que estão já na fase de candidatura», adianta aquele responsável.
Apesar de se integrar no plano nacional de comunicação em rede nas unidades do Serviço Nacional de Saúde, da responsabilidade da tutela, trata-se nesta primeira fase de um projecto «interno» que tem como objectivo a eliminação da base de dados em papel. Um processo que está a ser desenvolvido em consonância com o Instituto de Gestão da Informática da Saúde (IGIF) para que «o hospital não fique numa ilha e que não possa comunicar com ninguém» quando o projecto estiver em rede a nível nacional, sublinha Miguel Castelo Branco. «Embora comece pelo hospital, a ideia é, logo que possível, estender este núcleo embrionário inicial às unidades de saúde da região», adianta, bem como «a outros» hospitais, centros de saúde e até farmácias do país, revela aquele responsável. «Apesar de parecer muita ficção, são coisas perfeitamente possíveis. Não é de hoje para amanhã, mas também não é preciso demasiado tempo para que as coisas possam ser uma realidade», salienta.
A informatização dos dados irá permitir um acesso «mais rápido» da ficha clínica dos pacientes para que esteja «sempre disponível e acessível» sempre que for necessária. Além disso, possibilitará ainda a «partilha da informação on-line» por todas as unidades de saúde, desde hospitais, centros de saúde ou até mesmo farmácias, «onde quer que o doente esteja». «Uma das vantagens deste sistema é fazer receitas electrónicas e aí poderá haver uma articulação com as farmácias», acrescenta Miguel Castelo Branco. Mas tudo mediante regras de segurança. «É preciso garantir que a informação que existe sobre um determinado doente só é acessível a quem tiver direito a aceder a ela», obedecendo assim a um conjunto de regras para tornar o acesso à informação «mais fiável». Para além dos benefícios para o utente e para os profissionais de saúde, a digitalização dos dados vai ainda permitir uma maior optimização dos recursos disponíveis, poupando tempo e custos ao SNS e a repetição de exames desnecessários. «Suponhamos que um determinado doente na Covilhã fez um determinado exame e que depois teve que ir para um outro sítio onde precisará desse exame. Qual é a solução? Repetir o exame. Há aqui desperdício, pois o doente teve que se sujeitar a um exame adicional que estava feito e o sistema está a pagar mais um exame», exemplifica o médico para explicar as vantagens de uma articulação em rede.
De realçar ainda que o Hospital Sousa Martins, na Guarda, está também a «avançar» na digitalização dos dados, sendo que uma parte da digitalização já «está feita», garantiu a directora daquela unidade, Isabel Garção.
Liliana Correia