Para além da Feira de São Bartolomeu, Trancoso começa também a ser conhecida pelas iniciativas dedicadas à gastronomia, aos produtos típicos e à História. Dois acontecimentos que têm contribuído para divulgar o nome da vila e atrair mais turistas a uma das localidades mais visitadas do distrito da Guarda. No caso da Festa da História, uma designação mais abrangente que substituiu este ano a antiga feira medieval, pode mesmo dizer-se que a vila tem vindo a marcar pontos e está a conquistar um lugar de destaque no roteiro nacional das feiras medievais.
A edição de 2004 teve lugar no último fim-de-semana de Julho e proporcionou uma autêntica viagem ao passado para os milhares de visitantes. Trancoso vestiu-se de roupas “históricas” durante dois dias. Encheu-se de tendas e botequins, animadas por músicas antigas e falas de outros tempos e parou para ver passar o cortejo das bodas de D. Dinis com D. Isabel de Aragão. Inúmeros figurantes, trajados à época, alguns actores e variadas artes e ofícios tornaram ainda mais realista esta viagem pela vila medieval, classificada há pouco mais de um como Aldeia Histórica. Ourives, vendedores de licores, queijeiros e padeiros disputaram as atenções dos visitantes com saltimbancos, menestréis, soldados e cavaleiros. No Largo D. Dinis, autêntico coração comercial do burgo, almocreves, oleiros, escrivães, sapateiros, albardeiros, latoeiros, cordoeiros, padeiros, ourives, curandeiros, taberneiros e vendedores de licores procuram compradores para as suas mercadorias. Mais à frente, vive-se o entusiasmo dos jogos e dos malabarismos, mas também a intensidade das pelejas e dos torneios de armas. Mas a reconstituição do dia-a-dia de uma feira medieval não ficaria completa sem o visitante saciar a fome com as iguarias e os doces tradicionais ou impressionar-se com a falcoaria, antes de rumar à ceia onde um espectáculo de música medieval dá por terminada esta jornada proporcionada anualmente pela autarquia local, em parceira com a empresa municipal Trancoso Eventos, a Escola Profissional, a associação de desenvolvimento Raia Histórica, o grupo Viv’Arte e as colectividades do concelho.
Já a Feira do Fumeiro, dos Sabores e do Artesanato da Estrela ao Côa, realizada pela primeira em Fevereiro passado, proporcionou uma outra viagem pela gastronomia da região. O Pavilhão Multiusos acolheu 80 expositores, três restaurantes típicos e um palco para os espectáculos de música popular que ritmaram os três dias do certame.
Dos vinhos e azeite biológico do Rabaçal (Meda), ao vinho generoso do Vale da Teja, passando pelos enchidos da Castanheira, dos Fóios ou de Trancoso, mas também um bom queijo da Serra, tudo acompanhado com peso e medida por pão tradicional. Para sobremesa, rivalizaram as famosas sardinhas doces de Trancoso, a doçaria tradicional de Torre de Moncorvo e umas compotas, doces e conservas de frutas, autênticos “miminhos”. Mas a viagem não se ficou por aqui. Houve ainda que “subir” à Serra da Estrela para arranjar tapetes, mantas e casacos artesanais ou ir até Carviçais para levar alguns cestos. Tudo isto e muito mais, bem à mão e à distância de umas passadas no arejado e moderníssimo Pavilhão Multiusos. O evento promete regressar em 2005 pela mão da ACITAM – Associação Comercial e Industrial de Trancoso, Aguiar da Beira e Meda, Cooperativa Bandarra e das associações de desenvolvimento rural da Raia Histórica e Pró Raia.