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Caro Sr. António Matos Godinho

Gostaria, antes de mais, de esclarecer dois pontos (são apenas dois!) que ficaram um pouco a desejar na sua resposta a uma mensagem que enviei a “O Interior” a propósito da crónica do Sr. Jorge Bacelar.

O primeiro está relacionado com a minha pessoa. Não estou no Rio de Janeiro (como afirma) e sim no Estado do Ceará. Nem por isso deixa de ser Brasil, onde resido há 27 anos. Mas sinto a necessidade de o informar que nasci na pequena, mas simpática, Gaia, bem ali no limite dos distritos de Castelo Branco e Guarda, pertencente à bonita vila de Belmonte, e que com poucos dias de vida fui para a encantadora Covilhã.

O segundo ponto não deixa de ser um agradecimento pela forma como recebeu aquelas palavras que escrevi. Nas suas próprias, faço-o «… porém, de forma elegante e educada deixando entrever até alguma consideração e apreço pelo cronista criticado (consideração e apreço que partilho, por acaso, apesar de só o “conhecer” pelos escritos que produz aqui para “O Interior”)». No entanto, com essas palavras “elegantes e educadas”, nada mais fiz que exercer a minha condição de cidadão, que não pretendo perder, visto que, e sempre segundo a ideia que o Sr. nos repassa, «quando os cidadãos se demitem de expressar os seus pontos de vista, quando deixam de participar na vida pública (…) então deixam de ser cidadãos». Foi exactamente isso que fiz!

Quanto ao reparo que me faz sobre o que é para ser lido ou publicado, respeito a sua opinião, mas gostaria que entendesse que esse é um assunto por demais subjectivo para que fiquemos aqui a debatê-lo. Sobre a repugnância que as palavras do Sr. Jorge Bacelar possam ter-me provocado desejo apenas dizer que o estômago é meu e que só eu sei como ele se comporta diante de tais situações. Um abraço amigo.

Manuel Fernandes, Brasil

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