Serafim Ferreira recebeu ontem o Prémio Literário Vergílio Ferreira 2003 pelo seu romance histórico “Clenardo e o Príncipe”. O galardão, dotado de cinco mil euros, instituído pela Câmara de Gouveia, foi atribuído por unanimidade pelo júri a um autor que privou com Vergílio Ferreira – fez algumas revisões dos seus livros – e lhe ofereceu algumas das suas obras, as quais constam actualmente do espólio do romancista natural de Melo, falecido a 1 de Março de 1996, patente na biblioteca homónima da “cidade-jardim”. Um local emblemático escolhido para a cerimónia de entrega do prémio, realizada ao fim da tarde, durante a qual foi ainda apresentado um CD multimédia sobre Vergílio Ferreira.
O escritor premiado, natural do Porto (1939), mas residente na Amadora, é o autor de 13 obras de contos, romances, narrativas e literatura para crianças, além de cinco ensaios. O seu primeiro livro, “Noite de Libertação”, foi publicado em 1960. Serafim Ferreira já tinha ganho o Prémio Literário Miguel Torga/Cidade de Coimbra em 1994 e 96, tendo ainda recebido o Prémio Literário Ferreira de Castro, instituído pela Câmara Municipal de Sintra, o Prémio Literário Cidade da Amadora e o Prémio Literário Maria Amália Vaz de Carvalho, criado pelo município de Loures. “Clenardo e o Príncipe” conta a história de Nicolau Clenardo, professor flamengo que veio para Évora para cuidar da educação e formação intelectual do jovem D. Henrique, futuro cardeal e inquisidor-mor do reino. A sessão assinalou também o lançamento do romance, numa edição da autarquia. O Prémio Literário Vergílio Ferreira 2003 teve um número recorde de obras participantes. Ao todo, foram candidatados 45 trabalhos oriundos de Portugal, Espanha, França e da Coreia. Menos quatro, mesmo assim, que em 1998, quando se registou o maior número de inscritos. O júri foi constituído por Alípio de Melo (indicado pela Câmara de Gouveia), que presidiu; Silvina Rodrigues Lopes (professora universitária especialista na obra de Vergílio Ferreira); Liberto Cruz (escritor); José Correia Tavares (Associação Portuguesa de Escritores) e Cristina Robalo Cordeiro (Centro Português da Associação Internacional dos Críticos Literários).
O concurso conta já com cinco edições, tendo apenas premiado até agora romances inéditos, porque houve poucas obras a concurso quando chegou a vez dos ensaios, para além do júri ter considerado que os trabalhos participantes não reuniam a qualidade exigida. Também a temática dos Estudos Locais, introduzida em 2002 por sugestão de Álvaro Amaro, actual presidente da Câmara, não foi bem sucedida. O romance foi, portanto, o único género a ser galardoado até à presente edição. A madeirense Margarida Marques, com “Um Dia Depois do Outro”, foi a vencedora em 1998, Ascêncio de Freitas (Setúbal) e “A Reconquista de Olivença” foram galardoados no ano seguinte, enquanto “O Claustro do Silêncio”, de Luís Filipe Rosa (Alcobaça) mereceu a unanimidade do júri de 2001. Até agora, o prémio não foi atribuído por duas ocasiões, em 2000 e 2002.