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Freguesias e reversões

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Um dos grandes problemas do sistema autárquico hoje é que a geração “millenial” nem sabe para que existem as freguesias e não se sente dos espaços, mas sim do mundo e portanto entrega a sua ausência e o seu desinteresse a inúmeros bloquistas que odeiam os telemóveis e as redes sociais. O mundo mudou e deve ser feita reflexão profunda antes de reverter ou de mudar. Daniel Innerarity alerta para este “detalhe” que converte despesismo em sustentabilidade e boa gestão do dinheiro público. As freguesias têm a mesma importância da tourada: servem interesses de poucos num negócio que obriga muitos. Mas, irrisoriamente, os que odeiam as touradas querem agora mais freguesias sem perceber que o passo seguinte era reduzir o número de municípios num país de população decrescente. O argumento da tradição serve num caso e noutro é apedrejado. A coerência não é o forte na panóplia das reversões. A realidade desenhada pelos media e pelos inflamadores sociais cria um conjunto de necessidades palermas que se constroem a partir de janelas que reduzem a observação da realidade, como nos alertou Clément Rosset criticando os políticos e as «realidades construídas». Freguesias são hoje um desajuste despesista e não fazem quase sentido se não representarem espaços com mais de vinte mil pessoas. Depois há os municípios de dois mil votantes que são ridículos e deviam desaparecer. O PCP não quer porque tem vários no Alentejo e assim constrói o discurso da demagogia onde encaixará os seus pilares “importante, único, moderno, indiscutível”. Com Hannat Arendt sabemos que o mal não é uma categoria ontológica, não é natureza, nem metafísica. É político e histórico: é produzido por homens e se manifesta apenas onde encontra espaço institucional para isso – em razão de uma escolha política. A trivialização da violência corresponde ao vazio de pensamento, onde a banalidade do mal se instala Esta opção das freguesias tem o fim de perpetuar, à custa do PIB, os empregos de muitos amigos políticos e alguns inúteis da vida que exercem funções discutíveis e gastam em obras públicas o que não faz sentido algum.

Por: Diogo Cabrita

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