Mais espaços verdes, mais jardins e melhores vias de acesso, que permitem uma deslocação entre a zona norte e sul da cidade sem os acentuados declives, serão as grandes alterações do PolisCovilhã que se farão sentir já no próximo ano. Com a conclusão do Jardim do Lago e da Ponte e Rotunda do Rato, e o lançamento na semana passada do concurso público para a construção do Jardim da Goldra e a adjudicação do Jardim Mártir-in-Colo.
Contrariamente ao Polis da Guarda, cujo relógio parou sem que as intervenções mais significativas estivessem concluídas, o programa na Covilhã continua a decorrer a todo o “gás” para que em 2005 os covilhanenses possam sentir a qualidade de vida preconizada pelo programa de requalificação urbana, paisagística e ambiental das cidades.
O Jardim da Goldra e o Jardim Mártir-in-Colo, cujas obras iniciar-se-ão em breve, irão nascer nas margens da Ribeira da Goldra e deverão estar construídos no terceiro trimestre do próximo ano, contribuindo assim, em conjunto com o Jardim do Lago e a Ponte do Rato, para que a “cidade neve” seja uma das poucas com «uma predominância de áreas verdes» no espaço de um ano, para além de mudar radicalmente toda a estrutura paisagística com uma requalificação ambiental que envolve os vales das ribeiras históricas da Carpinteira e da Goldra. Orçada em quatro milhões de euros, a obra a desenvolver no Parque da Goldra, junto ao pólo central da Universidade da Beira Interior, compreende a requalificação de uma área de cinco hectares para acolher um jardim para o recreio e lazer com bares, restaurantes e espaços propícios para a prática de desportos radicais. A construção desta obra prevê ainda a demolição do edifício em ruínas que se encontra naquela zona e a construção de uma nova via de ligação, que deverá nascer no enfiamento da Rua Conde da Ericeira, possibilitando ainda o estacionamento lateral. A obra prevê ainda muros de suporte e tratamentos em talude. «Constitui uma das coisas mais importantes que alguma vez fizemos», desabafa Carlos Pinto, acrescentando que este será «um belo parque no coração da cidade». Já o Jardim Mártir-in-Colo, junto aos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento (SMAS), contempla um projecto de um milhão de euros para uma área de intervenção de 3230 metros quadrados onde se inclui a limpeza e tratamento da zona do vale a jusante da ponte secular que lhe dá o nome e a criação de um anfiteatro ajardinado com grandes degraus e um palco transparente para se visualizar a ribeira. O espaço verde será ainda completado ainda com esplanadas, bares e vegetação diversificada. «Vai ficar muito bonito», antevê o edil, lamentando no entanto a «dificuldade extrema de negociação» com os proprietários daqueles terrenos.
Mas mesmo com os atrasos das verbas do Polis – que começam agora a ser transferidas – dos problemas envoltos ao Programa e da demora das expropriações públicas, a Câmara «tem estado a andar com as coisas». O único problema, revela Carlos Pinto, poderá ser no atraso das candidaturas, tendo em conta que o Jardim do Lago, a Ponte e a Rotunda do Rato ainda aguardam a aprovação no Programa Operacional do Ambiente, pelo que as obras têm sido suportadas pela tesouraria da Câmara.
Jardim do Lago e Ponte do Rato concluídas este ano
A primeira fase da construção da Rotunda e Jardim da Ponte do Rato, junto ao pólo central da universidade, deverá estar pronta até Outubro, para que a segunda fase da intervenção, que consiste na demolição do edifício junto à chaminé fabril e a construção de restaurante e ponte sobre a ribeira, esteja pronta até Março de 2005.
Esta rotunda resolverá um nó viário problemático à entrada da cidade, a qual será composta por um painel de azulejos alusivos à cidade de lanifícios e um braço metálico que irá buscar água da própria ribeira.
Já o Jardim do Lago, obra referência do PolisCovilhã, deverá estar pronto no final do ano. Com uma área aproximada a cinco hectares de comprimento, o Jardim do Lago situar-se-á no vale da ribeira da Goldra, entre a Central de Camionagem e a estação de Caminhos-de-Ferro. Da autoria do arquitecto paisagista Luís Cabral, a obra terá um lago artificial com 120 metros de comprimento para barcos de recreio, um restaurante para festas e eventos, um auditório ao ar livre, uma esplanada, parques infantil e juvenil e amplos relvados, de modo a proporcionar um bem-estar e qualidade de vida. A Ribeira da Goldra, entubada há mais de 50 anos a 120 metros de profundidade, será colocada à superfície, aparecendo num espelho de água por cima do lago onde deverá cair, proporcionando assim uma passagem por baixo duma cascata em lâmina de água. A envolver o lago estarão várias espécies vegetais, como castanheiros, carvalhos e tulipeiros, bem como ilhas biombo onde crescem liras dos charcos, nenúfares e outras plantas aquáticas.
Liliana Correia