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Guardense a um passo do Congresso americano

Natural de Fernão Joanes, no concelho da Guarda, e a viver há 44 anos nos Estados Unidos da América, Manuel (Manny) Santos está na corrida à Câmara dos Representantes pelo estado do Connecticut.

Será a 6 de novembro que os eleitores do estado norte-americano do Connecticut vão às urnas e poderão votar pela primeira vez «por um candidato com nome (e ADN) português», afirma Manny Santos, que diz ser uma alternativa de direita à democrata Elizabeth Esty. “Santos ao Congresso” é o slogan do guardense que concorre pelo Partido Republicano e, se ganhar, será o primeiro luso-americano nascido em Portugal no Congresso dos Estados Unidos da América. Atualmente há três congressistas lusodescendentes, mas todos nasceram em terras do Tio Sam e representam o estado da Califórnia.

As lides políticas de Manny Santos começaram em 2013 quando se tornou presidente da Câmara de Meriden, cargo que ocupou até 2015. Foi a «falta de atividade económica na cidade» que o levou a candidatar-se, relata a O INTERIOR. «Foi a minha primeira corrida para cargos públicos», acrescenta o guardense, que se tornou no primeiro presidente de Câmara republicano em 30 anos naquela localidade. Volvidos cinco anos, o ex-autarca recorda que a «experiência foi difícil porque a Câmara não queria mudar a maneira como faziam as coisas há tanto tempo». Mas nem sempre a vida de Manny Santos girou em torno da política. Durante quatro anos serviu nos fuzileiros navais – os famosos “marines” – e em 1991 participou na Operação “Tempestade no Deserto”, que deu origem à Guerra do Golfo.

Ainda nas forças armadas, estudou Engenharia Mecânica e mais tarde foi trabalhar na área da manufatura, onde permaneceu durante 15 anos. Atualmente, embora conhecido por ser político, Manny Santos não deixa a sua profissão – é analista na área dos seguros de saúde – «nem durante a campanha». A política é uma faceta recente na sua vida e nada fazia prever onde chegaria este natural da aldeia serrana de Fernão Joanes. É o próprio que o diz: «Nasci numa casa sem água canalizada ou eletricidade, no seio de uma família humilde, com pais com pouca ou nenhuma educação formal», recorda o candidato. Mas na terra do sonho americano tudo é possível e, perante a possibilidade de se tornar um congressista dos Estados Unidos, Manny Santos confidencia que ele é «o exemplo menos provável de conseguir algo tão notável».

Mesmo assim, o republicano considera que se chegar a ocupar um cargo «tão alto» isso «só solidifica e exemplifica as vastas conquistas de outros portugueses» na América. Ainda com familiares na Guarda, hoje são poucas as visitas à terra natal, onde não regressa há oito anos. «Quando era jovem costumava regressar a cada quatro ou cinco anos», adianta Manny Santos, que tem Fernão Joanes, a Guarda e Portugal «no coração» e vai acompanhando o que se passa por cá. E na sua opinião Portugal «está à beira da grandeza» e é um dos países com «maior potencial na Europa, devido à sua cultura, paisagem e pessoas tão maravilhosas». Contudo, neste momento a sua preocupação e dedicação são os Estados Unidos, defendendo que «se os homens bons não concorrerem a cargos públicos, seremos dominados pelos maus». Nesse sentido, considera que a Constituição norte-americana determina que «quanto menor o governo, mais liberdades o povo terá», uma convicção que Manny Santos está disposto a defender. A outra é que «impostos mais altos alimentam a fome cada vez maior do Governo».

Ana Eugénia Inácio Manny Santos numa ação de campanha para as eleições de 6 de novembro

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