As Engenharias de Coimbra subiram para os melhores cinquenta do ranking universitário mundial. Seria bom se fossemos um país que nos seus dez milhões de habitantes em curva descendente tivéssemos alguma universidade entre as oito melhores – a competir na final de piscina olímpica. Mas não é assim, andamos felizes de estar entre as quatrocentas melhores.
Esta afronta à inteligência nacional decorre da Universidade ser um pântano de mediocridade entre mau financiamento, má construção de foco no seu interesse, desadequação à modernidade dos tempos, por exemplo, com o crescimento exponencial de ensino por internet. Não vale a pena ser contra, há que adaptar e dar rigor e credibilidade às alternativas que fizermos para ele.
A Universidade de Coimbra foi a terceira da Europa a nascer e devia estar entre as melhores, as mais exigentes, as mais credenciadas, com artigos citados, com rácios de excelência cumpridos, com financiamento de empresas e de Estado, com rotação de quadros e limpeza dos párias de estudos infindos e sem qualquer eficiência. Investigador não precisa dar aulas, quem dá as aulas pode não ser investigador, e toda a panóplia de regras estúpidas e desadequadas do passado tem de ser mudada em prol de um espaço de alta produção e de indiscutível funcionalidade em patentes, em vantagens competitivas industriais, informáticas, biológicas, etc. Salários melhores para quem trabalha bem e muito e porta de saída para quem não conseguiu. Sem ofensa, apenas como nas finais do desporto de alta competição – está fora porque não chegou lá. Ponto.
O reumatismo de Coimbra conduziu a esta coisa hedionda de haver preocupação por se ter descido abaixo de quinhentos no ranking universitário. As luzes vermelhas deviam estar acesas desde que estamos abaixo de 20.
A exigência do povo aos atletas olímpicos não tem sido tão ténue como está agora para este resultado universitário. Telma Monteiro, Naide Gomes, Rosa Mota, Domingos Castro, Carlos Lopes, Carlos Queirós e seus muchachos, recentes vitórias no remo, no futebol, no andebol, no hóquei, prestações de primeiro, segundo e terceiro lugares, não foram encaradas com bonomia. Vejam esses medíocres jornais desportivos que dão primeira página ao rapazito que vem da merdaleja para o Benfica sem ter provado nada e não fazem capa com os 24 medalhados em olimpíadas.
Carlos Calado, Nelson Évora, Fernando Mamede merecem mais exigência na análise do lugar da Universidade de Coimbra no ranking mundial.
Por: Diogo Cabrita