Tive esta ideia maluca de imaginar um grande coçador de nariz a dar a mão a um colega. De facto nunca sabemos o que lhes vai nas mãos quando no-la dão? Nunca imaginamos onde andaram aqueles dedos ou que burriés enrolaram, ou que bolos furaram. Esta coisa do “passou bem” é capaz de ser pouco higiénica. A catóta (vulgo burrié, ou macaco do nariz) é uma questão nacional. Catam-se depois de salas com aquecimento central, de ar condicionados, em dias muito secos. Eles são muito persistentes e nem sempre lá está o lenço. O burrié e a sua captura são um desporto português e frequentemente os vemos a treinar, conduzindo com o dedo no nariz. Não há lei que o impeça ou o torne impróprio. Vão nas intermináveis filas lisboetas dezenas de distraídos condutores a limpar os seus salões. Há os que enrolam, os que abrem o vidro e os passeiam pela porta, os que os colam por baixo do volante. Estudante que se preze deixa catótas na sala de aula. No meio disto tudo vem aquela prática do aperto
de mão, aquele forte contacto mostrando como nos apraz o encontro. Não podemos imaginar os parceiros todos praticantes de anti-burrié, mas podemos deduzir que muito são. Tiramos os macacos sem vergonha e soltamo-los pelas avenidas e praças sem estorvo. Parece bem. Na família também se faz e em casa ninguém me dá ordens.
Notei no euro 2004 que muitos futebolistas os eliminam assoando-se para o chão ou para a camisola. De facto com o dedo no nariz não se consegue correr. Assim a mão mais limpa que me dão é aquela que vem de um treino de maratona.
A ideia do aperto de mão terá nascido com quem? Naquela data não se caçavam burriés para pôr debaixo do banco?
Por: Diogo Cabrita