Entre quinta-feira e sábado, todos os caminhos foram dar à Mêda que recebeu, pelo nono ano consecutivo, o festival de verão mais antigo da região. Durante o Mêda+ as ruas da cidade encheram-se de jovens, provenientes de vários pontos do país, que vibraram ao som de quinze bandas cem por cento portuguesas, que atuaram no parque municipal e no recinto da Santa Cruz.
«Estamos muito satisfeitos com o resultado desta edição. Achamos que foi bastante equilibrada, que os três dias tiveram ótimos concertos e mantivemos o número de público de edições anteriores», adianta Pedro Pereira, membro da organização do Mêda+ desde 2010. Durante os três dias do festival terão passado pela Mêda cerca de sete mil pessoas, mas «nunca conseguimos ter uma contabilização exata» porque a entrada é gratuita, ressalva o elemento da Associação Juvenil Mêda+. Este ano, pela primeira vez, os participantes tiveram que pagar dez euros para montar as tendas no parque de campismo, mas esse valor dava acesso livre às piscinas municipais: «A Câmara assim o decidiu, mas acreditamos que esse valor veio acompanhado de uma melhoria do conforto e da segurança», considerou Pedro Pereira.
Ainda assim, a mudança de última hora provocou algum descontentamento nos festivaleiros: «Tínhamos anunciado campismo gratuito até uma semana antes do festival», disse o membro da organização, confirmando que algumas das alterações feitas pela autarquia «não foram muito bem recebidas» e isso «afastou alguns participantes» do Mêda+. Apesar de não haver ainda um “feedback” oficial, Pedro Pereira admite que houve menos gente no parque de campismo. Com o pagamento dos dez euros, os festivaleiros tinham direito a frequentar as piscinas sem limite de tempo, pelo que «foi mais um preço simbólico», considera, por sua vez, o edil medense. «Nos outros anos entravam gratuitamente para o parque e pagavam as piscinas. No fundo, é praticamente a mesma coisa», esclarece Anselmo Sousa.
De tendas e bagagens chegaram jovens de Aveiro, Guimarães, Setúbal, Coimbra, Porto e Viseu: «Temos muitos grupos que vêm de fora do distrito da Guarda», confirmou o elemento da organização, segundo o qual «para os medenses, e até para alguns jovens do distrito, é a primeira vez que têm oportunidade de assistir a um festival de verão a sério». Em termos musicais, por ali atuaram músicos de renome, como Moullinex, Samuel Úria ou B Fachada, que tornaram o cartaz deste ano «um dos melhores» de sempre, assume Pedro Pereira. Mas o que torna este festival diferente? «É a proximidade entre os artistas e os festivaleiros e o facto de ser promovido por uma associação juvenil sem fins lucrativos. Nós organizamos o Mêda+ nas nossas férias, nos nossos intervalos de trabalho», responde Pedro Pereira, acrescentando, «como é óbvio», a música, que «é efetivamente boa».
Quanto à próxima edição, que será a décima, já está pensada «há vários anos». «Basicamente será um resumo, um “best-off” dos melhores momentos do festival e das melhores bandas que por cá passaram», antecipa Pedro Pereira.
Mêda+ já é uma «marca de referência»
De uma coisa não há dúvidas, o Mêda+ «mexe muito» com a cidade. Quem o diz é o presidente da autarquia, para quem o festival permite «difundir, divulgar e promover» o concelho.
«Hoje muitos conhecem a Mêda através do Mêda+», reforça Anselmo Sousa, garantindo que os munícipes estão muito recetivos ao evento. «As pessoas já se habituaram ao barulho, há uma ou outra que se queixa, mas no geral aceitam muito bem e é uma animação vermos tantos jovens a percorrer as ruas da nossa cidade», destaca o edil medense. Um festival para miúdos e graúdos que, de ano para ano, tem ganho adeptos de gerações menos jovens: «Penso que terá que caminhar por aí para que possa criar uma dinâmica diferente. Já atingiu um patamar, mas neste momento terá que se virar para as pessoas menos jovens para que não comece a regredir», sugere Anselmo Sousa. Com um orçamento de cerca de 50 mil euros, o Mêda+ é suportado por receitas próprias e apoios da autarquia e de patrocinadores locais.
Sara Guterres