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Poucos professores contratados conseguem vincular no distrito da Guarda

Nos últimos seis anos, os professores da região «têm vinculado ou encontrado colocação para contratação» em Lisboa, Algarve, Porto ou Minho.

Dos 30.580 candidatos ao concurso interno de professores apenas 9.274 obtiveram colocação, «o que significa que 70 por cento dos candidatos não lograram desejada transferência, que seria muito importante para garantirem uma colocação mais próxima da sua área de residência», realça a dirigente do Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) na Guarda, Sofia Monteiro.

Além disso ficaram por preencher 1.230 vagas, segundo o Ministério da Educação, «alegadamente por não terem sido pretendidas» pelos docentes: «Esta é, apenas, uma meia-verdade», considera a responsável. Na sua opinião, «o não preenchimento destas vagas decorre do facto do Ministério da Educação, ao contrário do que defendeu a FENPROF em negociação, impedir os docentes que não integram os quadros (contratados ou desempregados) de concorrer às vagas existentes nos quadros de escola ou agrupamento porque estes apenas podiam concorrer a vagas de quadro de zona pedagógica», adianta Sofia Monteiro. Em consequência, as escolas e agrupamentos terão de recorrer a professores que não são dos seus quadros para preencher 1.230 vagas «por única e exclusiva responsabilidade da tutela e do regime de concursos que impôs».

A responsável considera que a falta de atratividade de algumas zonas do país, nomeadamente do interior, deve-se ao facto de «muitos dos professores que já pertencem aos quadros estarem onde pretendiam ficar». E acrescenta que «a lotaria dos concursos de professores» não está dependente da vontade de cada um, mas sim «do interesse do Ministério da Educação em abrir mais ou menos vagas» em determinados locais, sendo que as que têm sido criadas se concentram sobretudo no litoral. No distrito da Guarda, «a situação de mobilidade dos professores, dada a escassez de vagas, faz-se internamente, isto é, entre professores do quadro, sendo poucos os contratados que conseguem vincular», adianta a dirigente sindical, acrescentando que, nos últimos seis anos, os professores oriundos desta região têm vinculado ou encontrado colocação para contratação, na sua grande maioria, em Lisboa, no Algarve, Porto ou Minho.

«Por isso, ou deixam as suas famílias ou mudam completamente de vida, passando a viver nessas regiões. Se lhes fosse dada outra alternativa, certamente seria o distrito da Guarda, para onde tentam sempre regressar», acredita a dirigente. Neste momento, tendo em conta que ainda está a decorrer a aceitação das colocações do concurso nacional, «não é possível saber» dados concretos sobre a falta de professores na região, de acordo com Sofia Monteiro.

Mecanismos para fixar professores no interior

Ainda assim, a sindicalista não duvida que é «necessário» implementar mecanismos para a fixação de professores no interior.

«Desde já abrindo vagas, o que passa também por dar condições de fixação das pessoas nos territórios, criando emprego e combatendo a desertificação», defende a dirigente do SPRC. «Sem alunos não há escolas e, no distrito da Guarda, mais facilmente as encerramos do que as abrimos», lamenta Sofia Monteiro, para quem adotar medidas de política educativa para as escolas do interior também seria um bom passo. «Isso impediria a formação de mega agrupamentos que não trazem nenhuma mais-valia para a população estudantil e são mesmo fator de insucesso», considera a sindicalista, lembrando que o sistema educativo não é igual para todo o território, pelo que «poderíamos criar melhores condições de trabalho para os professores e melhores condições de aprendizagem para os alunos. E, por si só, estas duas medidas ajudariam a fixar professores e populações», garante a responsável.

Sara Guterres Dirigente do SPRC na Guarda considera «necessário» implementar mecanismos para a fixação de professores no interior

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