«A concretizar-se essa possibilidade, é uma completa vergonha». Jorge Mendes, presidente do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), considera que «não faz qualquer sentido», o Governo avançar para a criação de uma Escola Superior de Turismo no Fundão. Semelhante posição têm João Brás, director da Escola Superior de Turismo e Telecomunicações (ESTT) do IPG, instalada em Seia, e Jorge Patrão, presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela. Entretanto, a ESTT viu ser aprovado, já para o próximo ano lectivo, o curso de Gestão Hoteleira que abrirá com 30 vagas e que pretende responder a necessidades formativas específicas da hotelaria e dos meios complementares de alojamento turístico.
Recorde-se que no final do mês passado, Manuel Frexes, presidente da Câmara do Fundão, adiantou que a ministra da Ciência e do Ensino Superior, Maria Graça de Carvalho, se terá comprometido com a criação de uma Escola Superior de Turismo, numa reunião que teve lugar em Lisboa e que contou também com a presença de Valter Lemos, presidente do Instituto Politécnico de Castelo Branco. Na mesma altura, o edil fundanense sublinhou que a escola deverá entrar em funcionamento em 2006 e que a «decisão está tomada e é irreversível», afirmou. Uma possibilidade que Jorge Mendes não acredita «que irá para a frente», mas, caso venha mesmo a avançar, «não passará de uma decisão política», realça. «A concretizar-se essa possibilidade, é uma completa vergonha, numa altura em que se investiu na melhoria da ESTT e em que se fala de reordenamento da rede e em que não se aprovam cursos por já existirem em unidades vizinhas», critica o presidente do IPG. «É um desperdício de dinheiros públicos», alerta. Também João Brás considera que «em termos de rede do Ensino Superior, não tem sentido absolutamente nenhum» a criação de uma Escola Superior de Turismo «aqui ao lado», frisa. O director da ESTT ficou «estupefacto com essa notícia», mas ainda acredita num “volte-face”: «Acredito no bom senso de quem nos governa e quem nos governa não vai com certeza cometer um erro desses», espera. Brás realça que a escola que dirige possui «excelentes e novas instalações e todas as infra-estruturas vocacionadas» para o ramo do Turismo, daí «não haver necessidade nenhuma de criar outra escola aqui tão perto», critica. Da mesma forma, «não faz sentido estar a consolidar a nossa escola», que deverá ter 340 alunos este ano, para depois ir abrir outra «aqui tão perto», contesta.
Já Jorge Patrão limitou-se a dizer que dentro do território da RSTE existe uma das Escolas de Turismo «mais qualificadas do país» não deixando de «estranhar que, em tempos de dificuldades económicas, se fale em criar outra Escola de Turismo que distará cerca de 60 quilómetros» da que já existe em Seia. Neste sentido, acredita que esta opção «não terá sido muito bem reflectida» pelo anterior Governo.
Curso de Gestão Hoteleira foi aprovado na ESTT de Seia
Congratulando-se com a aprovação do curso de Gestão Hoteleira, que abrirá com 30 vagas mais os regimes especiais, João Brás diz que esta «é mais uma razão para não perceber a decisão» de criar uma escola no Fundão. O novo edifício da ESTT dispõe de várias novas estruturas que vão servir o novo curso, como sendo um anfiteatro de cozinha, sala de formação de culinária e outra de bar e cozinha, sala de agências de viagem, lavandaria, padaria e pastelaria que representam um «grande investimento» que «garante equipamento do melhor a nível do país», frisa. Sobre o novo curso de Gestão Hoteleira, Jorge Mendes sublinha que «não houve qualquer problema para a sua aprovação» até porque a candidatura só não foi apresentada no ano passado, em virtude da ESTT ainda se encontrar no edifício antigo. Agora, com a mudança para um novo local, estão garantidas «boas instalações e um corpo docente qualificado», sublinha. Já Jorge Patrão também ficou satisfeito com a aprovação de um novo curso, salientando que tem que se olhar para a ESTT «não num âmbito regional, mas antes com impacto a nível nacional e com tendência para crescer cada vez mais». Deste modo, o objectivo é «formar alunos para todo o país, mas também para a nossa região», completa.
Ricardo Cordeiro