Adolfo Mesquita Nunes visitou O INTERIOR na sexta-feira e falou sobre os problemas na área da saúde na região, bem como sobre as medidas anunciadas recentemente para o interior.
Adolfo Mesquita Nunes, vice-presidente do CDS-PP e vereador da Câmara da Covilhã, afirmou que a reunião realizada nesse dia com a administração da Unidade Local de Saúde da Guarda reforçou a «convicção» de que «as esquerdas» avançaram com o regime das 35 horas «sem primeiro acautelar que os serviços estavam preparados e tinham os recursos necessários para não falharem às populações».
O centrista não põe em causa «a justeza da medida», mas crítica que não tenha sido «preparada com tempo para que as unidades hospitalares tivessem condições de manter, pelo menos, o nível de serviço que estavam a prestar às populações», recordando que a região «já se confronta com fortes carências e os utentes não têm outras alternativas». De resto, esta ida à ULS guardense permitiu a Adolfo Mesquita Nunes perceber que a administração «está claramente motivada em manter os mesmos níveis de qualidade de serviço e a fazer escolhas de gestão para garantir a melhor afetação de recursos», mas constatou, no entanto, que «a lei não foi acompanhada das medidas necessárias para que as populações não sentissem qualquer efeito». O dirigente do CDS voltou a acusar o governo de «irresponsabilidade» e criticou o Ministério das Finanças por «continuar a não autorizar a contratação de profissionais, apesar de haver cabimentação orçamental».
Durante a visita a O INTERIOR, Adolfo Mesquita Nunes abordou também o estatuto fiscal para o interior que o partido sugeriu na discussão do Orçamento de Estado (OE). «O interior necessita de um estatuto próprio para combater a desertificação», disse, acrescentando que é com este objetivo que o CDS sugere «a criação de uma zona franca regulatória do interior, onde seja cada vez mais fácil começar um negócio, mas também um estatuto fiscal próprio». Contudo, reconheceu que esta medida necessita primeiro de ser negociada com a Comissão Europeia: «Antecipámos a apresentação desse estatuto fiscal para que o Governo pudesse negociar até à apresentação do OE», justificou o vice-presidente do partido. A avançar, a proposta prevê uma baixa no IRS de quem vive no interior e no IRC das empresas, a dedução dos impostos, das portagens e dos custos com transporte e ainda a alteração do regime de captação de investimento estrangeiro, tornando mais fácil que esses contratos sejam celebrados se forem no interior do país.
O centrista disse estar «convicto de que vai ser possível introduzir pelo menos algumas destas medidas» no OE de 2019 e sublinhou que «o interior é uma urgência». Na sua opinião, «os partidos têm uma responsabilidade própria e têm que apresentar medidas que estejam acomodadas no OE e nas condições em que o país se encontra» e isso explica o facto do CDS ter optado pela dedução das portagens nos impostos «em vez de nos pugnarmos pelo fim da cobrança, porque conhecemos a realidade do país e há algumas forças políticas que repetem exaustivamente essa proposta quando sabem que não pode ser cumprida já». Quanto às medidas apresentadas no passado mês de maio pelo “Movimento pelo Interior”, considera que «algumas são realizáveis, outras são mais inspiracionais».
Ana Eugénia Inácio