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Movimento pelo Interior apresenta hoje medidas para travar desertificação

O caderno reivindicativo do Movimento pelo Interior, liderado por Álvaro Amaro, com 24 propostas nas áreas de ocupação do território, educação e fiscalidade é hoje entregue ao Presidente da República e ao primeiro-ministro.

Inicialmente, os fundadores do movimento contavam apresentar apenas seis «medidas radicais» por considerarem que essa seria a melhor forma de reunir mais condições para a sua implementação. Mas do documento final deverão constar 24 propostas.

Na política da ocupação do território – coordenada por Jorge Coelho, ex-ministro de António Guterres – recomenda-se que a transferência para o interior de serviços, com um mínimo de 100 funcionários e que estejam centralizados em Lisboa, seja feita a partir de 2020, a um ritmo de pelo menos dois serviços por ano. O movimento sugere que os funcionários públicos que queiram migrar serão premiados com uma majoração em 25 por cento da contagem do tempo de trabalho para efeitos de progressão na carreira e de 10 por cento para a aposentação. Estes funcionários públicos terão ainda direito a um subsídio equivalente a um salário anual, pago em prestações ao longo de cinco anos consecutivos.

Na área fiscal – tutelada por Miguel Cadilhe, ex-ministro das Finanças de Cavaco Silva –, defende-se a canalização dos benefícios fiscais apenas para investimentos realizados no interior. O coordenador desta área propõe mesmo que a taxa de IRC de 12,5 por cento passe a ser aplicada a todas as empresas do interior, desaparecendo o atual limite de 15 mil euros de matéria coletável. O pacote de benefícios fiscais previstos contempla ainda a exclusividade de acesso ao Regime Contratual de Investimento, aplicado a investimentos iguais ou superiores a 25 milhões de euros, para as empresas do interior. Quanto à atração de quadros qualificados, o movimento sugere que seja também exclusivo do interior o regime especial de IRS, atualmente em vigor.

A área da Educação é supervisionada pelo antigo secretário de Estado do Ensino Superior, Pedro Lourtie, que defende o reforço do número de estudantes universitários nas instituições do interior através da redução das vagas nas principais cidades do país. O responsável propõe ainda que as bolsas para estudantes do primeiro ciclo, atribuídas no âmbito do “Mais Interior”, sejam alargadas ao segundo ciclo.

O documento vai ser entregue um mês antes do previsto e o objetivo é que as propostas possam ser incluídas já no Orçamento do Estado para 2019 e candidatadas ao próximo quadro comunitário.

Comentários dos nossos leitores
Mike mikealfa@hotmail.com
Comentário:
O Presidente da República falou bem, faltam agora as decisões. Cumpram a Constituição, justiça, igualdade de oportunidades e coesão nacional. Porque têm os cidadãos do interior de se deslocarem aos milhares todos os dias ao litoral para uma mera consulta de especialidade em oncologia, cardiologia, nefrologia, etc. Porque têm os cidadãos do interior para efectuar uma mera inspecção de viatura de se deslocarem centenas de km. Há que criar as condições para que o interior tenha os mesmos serviços e com a mesma dignidade do que no litoral, na saúde, na educação e na cultura. Porque em 40 anos lhes foram retirados os comboios, encerrados os tribunais, as escolas, os centros de saúde, os ctt, etc., etc e mesmo assim lhes são exigidos os mesmos impostos, taxas, serviços e portagens. Há uma ingratidão para as gentes do interior que lutam contra todas as circunstâncias e nem lhes é garantida a dignidade.
 

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