Antes do arranque oficial da FIT, a Guarda foi palco do Fórum Redes Colaborativas, onde se falou sobre “Os Sucessos do Turismo no Interior”
No encontro participaram responsáveis por alguns casos de sucesso e o objetivo era promover a qualificação dos territórios de baixa densidade e a criação de produtos turísticos diferenciadores, salientando a importância das redes colaborativas, uma das prioridades da Estratégia Turismo 2027.
«As redes colaborativas ligam bem com a coesão territorial», afirmou Jorge Brandão, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), que reconheceu que nem todos os processos são de sucesso, «mas hoje há uma evolução profunda na forma como as redes são abordadas», dando como exemplo as Aldeias Históricas. Se antes a aposta era sobretudo em bens materiais, hoje esses passam para segundo plano e «a aposta é quase cem por cento de dimensão imaterial com apostas na comunicação, animação, inovação e na forma como trabalhamos os recursos». Já a questão do financiamento continua a ser «crítica» e, segundo Jorge Brandão, este pode ser obtido «através de parcerias virtuosas entre entidades públicas e privadas».
Da Spira, uma agência de revitalização patrimonial, esteve a sua CEO, Catarina Valença Gonçalves, que acredita que «o património faz-se de pessoas» e é por isso que os projetos desta empresa sediada no Alvito, no Alentejo, «são sempre com a comunidade local e baseados nas suas características». O objetivo da empresa, que começou «sem dinheiro», é potenciar o território, mas sua responsável salientou que «o interior não vai funcionar sem as pessoas lá, é incontornável trabalhar com as pessoas que lá estão». A empresária disse acreditar que «o caminho é a aposta no território» e o trabalho da Spira faz isso mesmo, tendo começado por criar uma Rota dos Frescos com apenas um município, e hoje há mais de 15 envolvidos.
A aposta no território foi também abordada por Duarte Pinheiro, do Departamento de Turismo da Rota do Românico. O responsável referiu que «quando tudo começou a premissa era potenciar o território e trazer turistas através da rota», sendo que para isso foi necessário «criar uma cadeia de valor, onde todos participam». Segundo o orador, este é o caminho para que todos queiram contribuir para o desenvolvimento do projeto «em troca de um selo de qualidade e ao mesmo tempo cria-se um envolvimento com a economia local». Também a marca “interior” pode ser vendável e prova disso são as Aldeias de Xisto. Paulo Fernandes, presidente da Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto, considerou que «o turismo de natureza é um produto emergente, mas que ainda está longe de estar consolidado no quadro nacional».
O também autarca do Fundão referiu novamente a tal «cadeia de valor» e explicou que é necessário «valorizar mais o que oferecemos». Essa valorização passa também pelas «redes colaborativas», um trabalho que diz ser «fundamental», pois é preciso «chegar mais ao mercado através das plataformas», mas é também necessário criar incentivos «para o mercado nos vender». É deste trabalho que surgiu o “Book in Xisto”, uma plataforma digital que junta a oferta de alojamento, a restauração e as experiências e permite ao visitante fazer a reserva dos produtos que pretende no mesmo site. Presente no fórum organizado pelo Turismo de Portugal esteve a secretária de Estado do Turismo que considerou que estes são exemplos de que «juntos podemos fazer mais e melhor». Ana Mendes Godinho afirmou que «precisamos de conteúdos para promover Portugal», mas alertou que «falta ainda informação e pontes para conseguir vender no exterior». A governante acrescentou que o caminho a seguir é a aproximação de conteúdos e a «divulgação do que é nosso sem preconceito, pois aquilo que é genuíno também se vende».
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