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Estrela Douro

1. A linha do Douro, no troço entre o Pocinho e Barca d’Alva, nos concelhos de Vila Nova de Foz Côa e Figueira de Castelo Rodrigo, foi desativada e encerrada ao tráfego ferroviário há mais de 20 anos, encontrando-se hoje num estado de absoluto abandono e destruição da via e estações do percurso, que a breve prazo será irreversível.

A linha férrea ladeia a margem esquerda do rio Douro no seu trecho mais bonito e espetacular do ponto de vista paisagístico, no qual se integra a foz do rio Côa e o seu património arqueológico. É ainda a única via férrea do país que atravessa uma região que integra dois Patrimónios Mundiais da UNESCO, o Douro Vinhateiro e o Parque Arqueológico do Vale do Côa. É uma linha centenária perfeitamente integrada na paisagem dos socalcos durienses, entre amendoeiras e vinhedos, com um enorme potencial e uma mais-valia para reforçar o Vale do Douro enquanto destino turístico.

A destruição da linha do Douro que, paulatinamente, vamos testemunhando, tem de ser travada; é necessário que se evite o seu desmantelamento travessa a travessa, carril a carril, pedra a pedra. É tarefa fundamental do Estado proteger e valorizar o património cultural como instrumento primacial da dignidade da pessoa humana.

O Ministério da Cultura deve, formalmente, reconhecer a linha do Douro no seu troço entre Pocinho e Barca d’Alva como bem de interesse cultural e iniciar um processo de classificação dessa linha férrea enquanto elemento integrador da paisagem duriense e que se apresenta como um verdadeiro monumento à correta intervenção humana no território.

2. Por mais que tente compreender as razões, nunca entendi a extinção da Região de Turismo da Serra da Estrela e a sua integração no Turismo Centro de Portugal.

A Serra da Estrela é um território fantástico, uma área de montanha e património, uma marca única no país. O que ganhou a região com essa decisão? Podem falar em mercado espanhol, combater a ideia de interioridade, posicionamento estratégico, turismo judaico, que a resposta é a mesma: NADA.

Mais eventos, combater a litoralização da atividade turística e contrariar a sazonalidade são as receitas de sempre, desde há muitos anos. O Centro Turístico é mar e praia, é Coimbra, é Fátima; A Guarda é Serra da Estrela, é Raia, é Douro. Para nós, por enquanto, Centro é geografia.

Por: Santinho Pacheco

* Deputado do PS na Assembleia da República eleito pelo círculo da Guarda

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