Oriundos da Alemanha, Polónia, Marrocos e Emirados Árabes Unidos, 16 prospetores internacionais visitaram a Guarda na semana passada no âmbito do projeto “Exportar+”. Com o objetivo de potenciar as exportações, o NERGA – Associação Empresarial da Região da Guarda e a AIRV – Associação Empresarial da Região de Viseu uniram esforços para internacionalizar as PME dos territórios Viseu Dão Lafões e Beiras e Serra da Estrela.
Durante a estadia na cidade mais alta, os empresários, dos setores agroalimentar, mobiliário e madeira, metalurgia e metalomecânica e rochas ornamentais, visitaram empresas ligadas a estas áreas. O périplo terminou na sexta-feira com um fórum dedicado à internacionalização e um jantar-conferência, no NERGA, subordinado ao tema “Oportunidades e Desafios à Internalização para as Empresas do Interior”, onde esteve Jorge Seguro Sanches. O secretário de Estado da Energia destacou o «grande sucesso» da iniciativa, que é uma «demonstração da vitalidade e da força das empresas do interior». Natural de Penamacor, o governante disse conhecer «razoavelmente» os desafios do interior, «que não são fáceis de ultrapassar», e garantiu que é tudo uma questão de união: «Não se trata de fazermos um decreto-lei ou declarações políticas», reconheceu, dizendo que «há uma questão cultural que é preciso ultrapassar».
Ainda assim, Jorge Seguro Sanches sublinhou que «o importante é que sejamos capazes de aproveitar essa dificuldade e transformá-la numa oportunidade», tendo acrescentado que «é preciso capacidade e inteligência para continuar a desenvolver o país» como um todo. Também Jorge Brandão, representante da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) Centro, evidenciou «a competência e o empenho para alcançar estes resultados», tendo «consciência do quão difícil é trabalhar um projeto» de ações coletivas. «Este é um trabalho que não chegou ao fim. Precisa de ser aprofundado, mas reconhecemos que foi feito um bom trabalho e que vale a pena fazer esta aposta», destacou o responsável.
Já o presidente do NERGA aproveitou a presença do secretário de Estado para dizer que está «a ver morrer toda a vontade do poder central de mudar as coisas. É preciso muita coragem política», declarou Pedro Tavares, reforçando que «da nossa parte e dos empresários que aqui têm o seu negócio existirá sempre a vontade de continuar a lutar». O dirigente lembrou que o NERGA se está «a preparar para ser a casa de todos os empresários», seja qual for a sua tipologia de negócio. «Esta é a vossa casa e vou lutar para ser mais crítico. Vou deixar de bater palmas», anunciou. «Temos que ter orgulho de ser interior», defendeu Pedro Tavares, para quem o trabalho em rede é uma das metas, pois «é uma coisa em que acho que temos grandes dificuldades». Sobre o projeto “Exportar+”, o responsável recordou que começou pequeno e tem vindo a crescer: «Conseguimos atingir os objetivos que estavam definidos, mas para isso tivemos que nos juntar», realçou.
Prospetores internacionais fazem balanço positivo
Mohamed Lahmrani, que opera no mercado marroquino no setor da metalomecânica, lamenta que estas relações sejam tardias: «Poderiam ter sido feitas há mais tempo, sobretudo neste setor de atividade», defende o empresário. Mas apesar de tardio, «é um primeiro passo que, apesar de pequeno, pode ser o início de uma boa relação internacional», acredita. O representante marroquino agradeceu ao Estado português e às associações empresariais «por terem proporcionado estas relações internacionais a nível comercial», esperando que se repitam no futuro. «Faremos os possíveis para que isso volte a acontecer, neste caso que os empresários portugueses visitem o nosso país», disse.
Por sua vez, Bijan Aflatoun, da Alemanha e negociador comercial no setor agroalimentar, afirmou que «o nosso plano foi conhecer os produtores e os produtos, que eram muito bons, e esperamos poder levar alguns para o mercado germânico». «Praticamente nenhum de nós tinha tido contacto com produtos portugueses antes desta atividade. Nestes quatro dias aprendemos bastante», garantiu o prospetor alemão, reconhecendo que numa feira normal «não temos tempo para aprender e reconhecer o valor e amor pelo produto». «Aqui tivemos tempo para estar em contacto com os produtores e conseguimos ver todo o carinho com que trabalham», adiantou, sublinhando que «os negócios são sempre com as pessoas, não é pelo telefone». Foram celebrados 136 acordos de cooperação.
Sara Guterres