O 25 de Abril celebra 44 anos um mês antes de o Maio de 68 fazer 50 anos. Será coincidência ou conspiração? O 25 de Abril faz um aniversário capicua. Um número que se lê da mesma maneira da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda. O que é o melhor elogio que se lhe pode fazer. Seja qual for o lado por onde se comece, o resultado mantém-se inalterado.
Uma frase conhecida sem autor identificado afirma que a educação (ou a cultura, noutras versões) é o que fica depois de se esquecer aquilo que se aprendeu. Não há melhor formulação para se medir o êxito deste feriado revolucionário. A liberdade é o que fica depois de se esquecer aquilo que se mudou.
Lamentar o desprendimento das novas gerações em relação ao 25 de Abril é como ter pena de não se comemorar a transição para o neolítico. A descoberta do fogo e a invenção da democracia são tão fundamentais como é importante serem banais. A liberdade deve estar ao mesmo alcance que um isqueiro. Se não se tiver no bolso, pede-se a quem passa.
No entanto, essas duas conquistas da Humanidade exigem que não nos descuidemos. É necessário que a chama não se apague, e que vá havendo combustível – sem imposto, de preferência – para as reanimar ou reacender. Saber que pedras e paus permitiram aos seres humanos fazer fogueiras e ser livres é cultura geral, mas elementar é entender que, apesar de proporcionarem contrariedades como os incêndios ou artigos escritos por mim, se vive muito melhor com o fogo e com a liberdade.
Por: Nuno Amaral Jerónimo