Os sucessivos dirigentes do Ministério da Saúde têm sido os responsáveis pela grave carência de profissionais de saúde nos hospitais da Guarda, Castelo Branco e Covilhã.
Estes hospitais atravessam uma situação de absoluta calamidade e ao não fazer uma intervenção dirigida para responder às necessidades em recursos humanos, tal configura não só um ato de negligência por parte do ministério, como uma prova de total incapacidade em resolver os problemas da Saúde.
Um ministério que não resolve os problemas básicos da área da Saúde é um ministério esgotado.
No recente mapa de vagas para jovens médicos especialistas publicado no Aviso nº 3023-B/2018 do “Diário da República” estas três unidades hospitalares terão a possibilidade de receber 52 médicos num conjunto de mais de 500 vagas colocadas a concurso. Este número está muito aquém do desejável, acrescentando-se ainda o facto das mesmas vagas também estarem a concurso em unidades hospitalares centrais no litoral do país, o que configura concorrência altamente desigual.
Infelizmente, o resultado será o mesmo que em anos anteriores durante os quais se assistiu a uma forte retenção dos médicos nos hospitais de maior dimensão, mantendo as graves carências no interior.
Atempadamente, a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) alertou para o perigo de esvaziamento dos serviços hospitalares da região caso o mapa de vagas para os concursos de colocação de médicos especialistas não tivesse em conta as especificidades e dificuldades de cada região.
Este processo vem comprovar que o Ministério da Saúde está a desprezar os doentes da região Centro e principalmente os do interior. Para além desta discrepância nas vagas existentes para os concursos de provimento de médicos especialistas hospitalares e os jovens que concluíram a especialidade nesta região (171 recém-especialistas para 123 vagas nos hospitais da região Centro), há hospitais que continuam com graves carências e outros que estão a ser literalmente asfixiados pela incompetente gestão de recursos humanos por parte deste ministério.
A título de exemplo, para a Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda: dos 28 médicos especialistas em Medicina Interna formados na região Centro, o Ministério da Saúde abriu concurso apenas para 2; dos 12 médicos especialistas em Pediatria Médica não está prevista qualquer vaga e dos 11 especialistas em Anestesiologia existe uma única vaga a concurso. Das 19 vagas previstas a nível nacional, e apesar da situação de rotura vivida na Guarda, só uma foi aberta para esta ULS.
Incompreensível e irresponsável.
Não é por caso que continua a existir emigração médica e uma fuga crescente de médicos para os serviços privados de saúde. Não vale a pena o Ministério da Saúde andar a prometer em épocas de calamidades, como foram os incêndios, aquilo que depois nunca cumpre. Na prática, o interior do país continua a ter uma mão cheia de nada.
Por: Carlos Cortes
* Presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos