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O “achismo”

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O “achismo” é o processo de achar sobre tudo alguma coisa. “Acho que” ou “penso eu que” são expressões que iniciam a maior parte das frases de café. Não sabemos patavina de um tema mas achamos que há algo a opinar. Poderia ser um bom princípio se aportássemos a uma conversa saberes que chegam das nossas áreas de conhecimento ou da experiência de algo similar. Na realidade a situação é diversa. O “achista” domina religião, sabe de futebol, carrega sabedoria no direito e na medicina. Há “achistas” que atrevem opinião mesmo ao lado de especialistas. Imagine uma mesa de economistas e um sapateiro amigo explica-lhes sem vergonha porque temos défice e dívida. Frequentemente entre dois médicos, a cabeleireira sugere umas pomadas ou unguentos ou até um amigo osteopata. O “achismo” nasceu da ignorância sem vergonha. Um fenómeno contemporâneo que se democratizou e elevou ao estatuto de cronista diversos “achadores profissionais”. Eles acham e ao achar agacham tudo aquilo que existia antes. Este fenómeno vai anexo com a opinião destemperada. A demagogia que varre a Europa vem de uma revoada de mentes pequenas, ignaras, obtusas que, sem dados, sem estudos, acham que o emigrante é mau, que os muros impedem as migrações, que o dizer atoardas e inverdades carrega votos. Os “pensadores” de que falo estão infelizmente em crescimento e destacam-se no futebol, nos debates televisivos e em eleições políticas por esse mundo fora. Filipinas, Polónia, Venezuela, Estados Unidos, Hungria, República Checa, Brasil. As coisas estão a ficar pavorosas.

Por: Diogo Cabrita

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