Como chamarei ao defeito de não ouvir? Falta de atenção? Como etiquetarei a inquietude que te caracteriza? Como nomearei a facilidade com que insultas os outros? Como referirei de ti a petulância com que te atreves no médico, na escola e até com a autoridade? Como denominar a ausência de travões? A falta de frenação da língua, a explosão da opinião? Eu tenho o direito! Me responderás. Eu posso porque acho! Trás! Bate-se a porta e não falamos porque não consigo dizer. Não sei como explicar e irrito-me. Não sei como expor serenamente e isso afeta-me os dedos, move-me a comissura da boca. Acho que se nota bem quando a irritação me invade. Mas não sei o que devo fazer porque desde logo não sei com que estou a tratar. Interrogo-me se a completa ausência de cultura terá nome. Há pessoas que não se importam mais do que com elas mesmas e seu mundo fútil e inútil. Mas sabem que o são ou que é?
Esta clivagem entre o dinheiro de 1% da população mundial riquíssima e 90% paupérrima é exatamente a mesma das 5 ou 9% de cultos e 50% de vegetais falantes, cheios de rancor, cheios de petulância ignorante, carregados de direitos sem deveres, fanáticos e facilmente criminosos pelo somatório destas outras premissas. Inculto, vaidoso violento como não bate na mulher? Teimoso, fanático e ignaro como não agride o vizinho? E podemos mudar estas características formatadas na construção da pessoa? Medicando podemos tentar. Mas são eficientes os tratamentos? Parece que não quanto se desejaria.
Vi uns programas de jovens em casa fechados, na Inglaterra, em Portugal e todos me pareciam iguais. Ordinários de estilo, rapidamente agressivos, necessariamente expostos e exibicionistas. Todos muito próximos da cultura zero no tempo da informação máxima! Não sei que nomes dar a tudo isto e isso me surpreende, fascina e questiona.
Por: Diogo Cabrita