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Há Marte e Marte, há ir-te e voltar-te

Observatório de Ornitorrincos

Há dois acontecimentos fundamentais para tratar esta semana, ambos com desfecho imprevisível à hora que escrevo o artigo e certamente já conhecido do leitor quando o jornal lhe chegar às mãos. Um é o jogo Holanda – Portugal e o outro é a segunda manifestação contra Santana Lopes convocada por sms. Tenho sobre os dois assuntos sentimentos contraditórios. Num caso desejo muito uma vitória dos vermelhos sobre os laranjas. No outro, pelo contrário, gostava que fossem estes a ganhar. Há também uma decisão que, embora pessoal, terá fundamental importância para o futuro do país. A opção do nosso líder entre o abrigo caseiro e os ares francófonos. Refiro-me, já perceberam, à escolha de Scolari entre Nuno Gomes e Pauleta. Quando o jornal chegar às bancas, já este assunto estará definitivamente enterrado. Mas também a vida política nacional morreu há pouco menos de vinte anos e os jornais continuam a falar dela como se existisse. Só os jornalistas e editorialistas do Expresso pensam que existe. Mas isso é apenas porque grande parte é inventada por eles.

Obviamente, não me esqueço do tema central da semana. Afinal o Presidente da República em 1977 era Ramalho Eanes como nós nos lembramos ou Costa Gomes como vinha no exame nacional de História do 12º ano? Porque a nossa memória é falível e um exame nacional de acesso à Universidade é uma coisa séria. Ok?

Pacheco Pereira não se cansa de nos alertar no seu blogue para o que é realmente importante. E pede a participação de todos. A observação de Marte e a descoberta de Júpiter não podem passar despercebidos. Vamos olhar, vamos estar atentos ao espaço sideral. Aliás, Júpiter pode ser uma boa hipótese de destino para o ex-eurodeputado se o cargo de embaixador da UNESCO o obrigar a aproximar-se a menos de dez metros de Santana Lopes.

Esta semana, Santana Lopes estará em destaque. Com a chegada do calor, começam os torneios de futebol de praia e a sua presença inevitável nas bancadas. O futebol de praia é aquela versão do jogo da bola disputado por um guarda-redes careca e quatro “brinca-na-areia”, conceito que assume aqui toda a sua plenitude.

Há portugueses que emigram, há portugueses que ficam com o emprego de quem parte, há portugueses que querem o emprego do tipo que foi embora e há portugueses que, sabendo que não podem ficar com o emprego deixado vago, gostavam de poder ir jantar a casa do gajo promovido e comer da panelinha. Há também uns quantos que não tendo nem querendo emprego nenhum, são bastante lestos no envio de mensagens escritas.

Portugal é isto, nos últimos dias de Junho. Dizem-me que há um problema político qualquer, mas eu não ligo. Toda a gente sabe que no Verão não acontece nada relevante na política portuguesa.

EU VI UM ORNITORRINCO

Santana Lopes

Divide com Paulo Portas (internamente) e George W. Bush (internacionalmente) o ódio visceral dos participantes do Fórum TSF. Santana Lopes é o culpado de todo o mal da vida das pessoas. O buraco inacabado do Marquês (que chateia até o habitante da aldeia mais recôndita de Trás-os-Montes), a falta de pontualidade da generalidade dos trabalhadores portugueses, o penteado com gel do marido da D. Josefina, a fraca afluência ao Novo Estádio da Luz, as maçãs com bicho, as bichas com as maçãs do rosto pintadas e a nova sitcom da SIC, O Barco do Amor são da óbvia responsabilidade do ainda futuro ex-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, um caso típico de ornitorrinco calimero.

Por: Nuno amaral Jerónimo

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