A hipótese de Santana Lopes ascender a primeiro-ministro com uma «manobra de secretaria» – sem a legitimidade eleitoral de ter concorrido a eleições com o estatuto de candidato a chefe do Governo e sem a legitimidade partidária de ter sido eleito líder num Congresso do partido – veio tornar evidente a existência de dois PSDs.
O PSD de Pacheco Pereira, Marques Mendes, Manuela Ferreira Leite, Miguel Veiga, Rui Machete, que sempre se opôs à transformação – há muito sonhada por Santana Lopes – do partido social-democrata numa formação liberal e populista.
E o PSD daqueles que, pelas piores razões, têm vindo, nos últimos dias, a sair a terreiro apoiando com entusiasmo a perspectiva de terem Santana Lopes como primeiro-ministro: Alberto João Jardim, Luís Filipe Menezes, António Preto, Luís Delgado, Moita Flores, Pinto da Costa, Arlindo de Carvalho (onde andam Isaltino Morais e Valentim Loureiro?) – uma associação de nomes e cadastros sóciopolíticos que deixa a milhas a assustadora Família Adams.
Por cada apoio destes que vem a público, o país arrepela-se. E as hipóteses de Santana reduzem-se. Só os próprios é que não percebem.
No ponto a que chegámos, é cada vez mais insustentável querer impor o nome de Santana Lopes ao país sem que este se sujeite a ser legitimado por um Congresso do PSD. Tudo o resto se assemelhará a um «golpe de Estado», como tão bem exprimiu Manuela Ferreira Leite.
Por: José António Lima
Director-Adjunto do Expresso