Com 54,37 por cento dos votos, Rui Rio foi eleito presidente do PSD, com uma diferença de cerca de dez pontos percentuais em relação a Pedro Santana Lopes. No distrito da Guarda, o ex-autarca do Porto conquistou 748 sufrágios contra 691 do adversário, mas na concelhia da Guarda quem ganhou foi o ex-provedor da Misericórdia (136-109).
Do total de 2.018 inscritos nas diferentes secções apenas 1.380 militantes foram às urnas, registando-se 13 votos em branco e nove nulos. Santana Lopes ganhou em mais cinco concelhias (Aguiar da Beira, Almeida, Manteigas, Mêda e Pinhel), tendo as restantes oito sido conquistadas por Rui Rio. Rui Ventura, mandatário distrital do ex-primeiro-ministro, admitiu que não esperava esta derrota e afirmou ter «a plena convicção de que Pedro Santana Lopes seria o melhor líder para o partido». Quanto ao futuro, o autarca de Pinhel considera que Rui Rio terá «muito trabalho» a fazer: «Para se ganharem legislativas tem que se unir o partido», avisa Rui Ventura, que diz ser importante fazê-lo até ao congresso de fevereiro. «A partir daí todos trabalharemos para ganhar o país. Se o partido não estiver unido, dificilmente conseguimos», acrescentou.
Mas se no distrito da Guarda Santana Lopes saiu derrotado, em Castelo Branco os resultados inverteram-se. O antigo chefe do Governo foi o mais votado, tendo vencido em oito das 11 concelhias. Em Belmonte, o ex-provedor da Misericórdia obteve dez votos (mais quatro que Rui Rio). O mesmo aconteceu na Covilhã (37-31) e no Fundão (48-34). Em termos nacionais, o ex-autarca do Porto ganhou com uma vantagem de 3.637 votos sobre Pedro Santana Lopes, que conseguiu 18.974 (45,63 por cento), e é o sucessor de Pedro Passos Coelho, eleito em 2010. Para o mandatário distrital do novo líder do PSD, António Robalo, o «resultado já era esperado». O presidente da Câmara do Sabugal afirmou ter «a convicção que escolhemos a pessoa certa para reabilitar e revitalizar» o partido. «Obviamente que há agora uma responsabilidade enorme de unir o PSD, de credibilizar esta liderança perante os portugueses e de conseguir levar o partido a vitórias de outrora», referiu, sublinhando que Rui Rio tem a possibilidade de «ombrear com António Costa» nas próximas legislativas.
Guarda elege quatro delegados para o congresso nacional do PSD
Os apoiantes de Santana Lopes e de Rui Rio repartiram os lugares de delegados ao congresso do PSD, em fevereiro, pela concelhia da Guarda.
Assim, pela lista A, afeta ao ex-primeiro-ministro, foram eleitos Granja de Sousa e Luís Soares, enquanto Ricardo Neves de Sousa e Hugo Fernandes vão à reunião magna dos sociais-democratas nas fileiras de Rui Rio.
Contudo, a vitória de Pedro Santana Lopes na concelhia guardense foi o facto mais surpreendente da noite, já que significa uma derrota de Álvaro Amaro e João Prata, que estiveram muito ativos na mobilização de apoios para Rui Rio. O primeiro terá mesmo telefonado a vários militantes do concelho para que votassem no antigo presidente da Câmara do Porto e empenhou-se também no surgimento de uma lista de delegados deitando por terra a possibilidade de uma lista de consenso. Entretanto, Luís Aragão, presidente da concelhia, adiantou a O INTERIOR que as eleições para a secção local deverão ocorrer em «março ou abril» e que «ainda é cedo» para anunciar uma eventual recandidatura.
Rui Ventura não é candidato à Distrital
O presidente da Câmara de Pinhel já tomou uma decisão e não vai concorrer à presidência da Comissão Política Distrital do PSD da Guarda. Em declarações a O INTERIOR, Rui Ventura justifica a decisão com a «exigência do trabalho na autarquia», «a dedicação aos pinhelenses» e «algum cansaço» das lides partidárias. «Chegou a altura de parar um pouco e de me dedicar exclusivamente ao meu concelho», acrescentou Rui Ventura, que concorreu e perdeu, por duas vezes, às eleições para a Distrital social-democrata.
Sara Guterres