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Orçamento aprovado em Celorico com abstenção socialista

O social-democrata Carlos Ascensão passou o primeiro teste na Câmara de Celorico da Beira ao ver aprovado tangencialmente o Orçamento para 2018 no executivo e na Assembleia Municipal.

Na sessão de Câmara de 20 de dezembro, a proposta de Orçamento, de cerca de 10 milhões de euros, foi aprovada por maioria, com o voto de qualidade do presidente já que na votação final do documento previsional houve um empate: dois votos a favor (Carlos Ascensão e António Silva) e dois contra (do socialista José Albano Marques e do independente Júlio Santos). O segundo vereador eleito pelo PS, Bruno Almeida, absteve-se para evitar males maiores e obrigou o estreante Carlos Ascensão a usar o voto de qualidade para validar o Orçamento. Já na passada sexta-feira, o documento recebeu luz verde da maioria dos deputados numa votação que voltou a revelar o inédito momento político que se vive em Celorico da Beira. A bancada e presidentes de Junta eleitos pelo PSD votaram favoravelmente, todos os deputados do PS e os dois do PNT (do movimento liderado por Júlio Santos) votaram contra. A surpresa veio novamente do seio dos socialistas com a abstenção de dois presidentes de Junta e o voto favorável de outros dois. Resultado, o primeiro Orçamento de Carlos Ascensão foi viabilizado por 17 votos a favor, 14 contra e duas abstenções.

Para o presidente da Câmara, o que conta é que o documento foi aprovado, tudo o resto são especulações. «Não tive que fazer concessões, de modo algum. As pessoas, apesar de integrarem um grupo político, são autónomas e pensam pela sua própria cabeça», declara Carlos Ascensão. Na sua opinião, «o que teria sido normal e razoável, e até por uma questão de bom senso e de responsabilidade política, era que pelo menos os restantes eleitos do PS tivessem votado favoravelmente ou se abstivessem. Isto porque este Orçamento contempla, e muito, aquilo que foi a anterior governação socialista». O autarca reconhece que o município está «condicionado» por várias situações herdadas, «desde constrangimentos financeiros, a candidaturas já feitas, passando por encargos, nomeadamente juros, que absorvem um quarto do nosso Orçamento de 2018», avisa.

Por isso, Carlos Ascensão considera que tal deveria ter «comprometido o PS», que acusa de «falta de responsabilidade e de bom senso» nesta votação. «Felizmente houve alguns socialistas que tiveram esse bom senso de se absterem ou votarem a favor», destaca o edil, adiantando que o Orçamento visa dar seguimento aos projetos creditados no Portugal 20/20, nomeadamente na área do saneamento básico e do parque escolar. Este ano a autarquia apostará também na intervenção urbanística, no apoio às freguesias e associações, mas «sempre numa perspetiva de rigor porque a nossa sobrecarga em termos de encargos financeiros é muito elevada e limita-nos bastante a nossa ação», ressalva.

Por sua vez, José Albano – que não foi possível contactar em tempo útil – já tinha deixado claro numa declaração de voto na sessão de Câmara do dia 20 porque votou contra. «O que dizer sobre o aumento das despesa com pessoal titular de órgãos de soberania e membros de órgãos autárquicos em mais 56,64 por cento relativamente ao orçamento de 2017?», começou por justificar o socialista, que criticou a opção dos sociais-democratas em nomearem mais um vereador a tempo inteiro e um adjunto. «O PSD tanto contestou a recente gestão do anterior executivo municipal, onde havia um presidente, um vice-presidente e um chefe de gabinete, cargo que achavam desnecessário. Estamos a falar num aumento de despesas salariais de políticos em mais de 13 mil euros mensais», considerou José Albano Marques. O vereador da oposição disse ainda quer «inadmissível» que o Orçamento «não tenha sido discutido, partilhado e debatido» com os presidentes de Junta de Freguesia e com os eleitos da oposição. «As obras previstas apenas fidelizam quem elaborou o Orçamento e suas grandes opções, sendo que reconhecemos que a maioria dessas obras transitam do anterior executivo municipal», acrescentou José Albano Marques, para quem o documento «carece de estratégias fundamentais» para o desenvolvimento de Celorico da Beira. O socialista destaca também o facto dos sociais-democratas terem sido «obrigados» a baixar o IMI de 0,5 para 0,4 por cento, bem como a taxa de participação variável no IRS, de 5 para 4 por cento.

Luis Martins

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