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Discussão Pública Sobre o Parque da Cidade

Na inauguração das obras do Parque da Cidade da Guarda veio Álvaro Amaro comunicar que iria ser lançada uma discussão público sobre o destino de parte das árvores do Parque. Segundo ele, um número indeterminado delas teria cumprido o seu papel e estaria na altura de as substituir por outras. Vão seguir-se pareceres técnicos e discussão pública. Aqui vai o meu contributo.

Antes de mais, convinha esclarecer o que são “árvores que cumpriram o seu papel” (cito de cor). Se são árvores mortas, estou totalmente de acordo, até por uma questão de segurança. Num local público há que prevenir a queda de árvores e ir vigiando o seu estado. Há que cortar ramadas mortas, fazer podas de manutenção, tratar as árvores doentes e arrancar as que sejam irrecuperáveis ou constituam perigo. Por isso, é boa ideia começar por ouvir a opinião dos técnicos e seguir o que nos disserem.

Depois, o critério deve ser o de preservar o arvoredo como está e respeitar o seu ciclo natural. Foram necessárias muitas dezenas de anos para as árvores do parque atingirem o porte que apresentam hoje. Não se corta um cedro com setenta anos para o substituir por outro acabado de sair de um viveiro florestal. A majestade de algumas daquelas árvores está precisamente nos seus muitos anos de vida e para o seu valor contam também os muitos anos que é expectável viverem ainda. Não estamos aqui a falar de brinquedos ou roupas que se possam trocar quando nos fartamos deles ou apareceram outros mais “modernos”. A beleza do lugar é também a sua antiguidade e os sinais que retém dos tempos passados.

Foi isso que se não respeitou no jardim do Solar Teles de Vasconcelos, o chamado “Quintal Medroso”, criminosamente abandonado e vandalizado ao longo de décadas. Esse jardim tinha passado por muitos séculos e mostrava-o em cada recanto. Devia ter sido preservado e mantido e foi aí que a cidade falhou.

Não se queira fazer no parque o oposto, querer intervir de mais onde o que é preciso é apenas isso: manter.

A fazer alguma coisa, sugiro encontrarem-se outras instalações para o call center e demolir o pavilhão onde agora está instalado. Outra boa ideia seria ter respeitado o projecto do arquitecto Nuno Martins, que não foi premiado por acaso, e teria ajudado a que a recuperação do Parque fosse mais simples e mais barata.

Se gostei do que vi? A relva fica muito bem, mas vai custar uma fortuna em água a manter; a estrutura em betão da entrada é de gosto muito duvidoso e não se enquadra nem com o local nem com nada da cidade (ou é uma homenagem aos anos do “dilúvio” de betão?), os bancos em pedra poderão servir para estrelar ovos, quando chegar o verão, ou para acumular frio durante o inverno, as luzes espalhadas pelo recinto são uma boa ideia, os repuxos no lago são arbitrários e pirosos e a “coisa” não parece ter sido pensada para ter por lá crianças a brincar.

Por: António Ferreira

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