A chuva tarda em chegar e pela região vão sendo dados sinais que causam preocupação. O volume de água nas barragens é cada vez menor (ver fotografias) e não há uma previsão correta de até quando este recurso é suficiente para abastecer as populações. A Câmara da Guarda, para reduzir o consumo de água, já tem uma medida em vigor. Nos casos de Pinhel, Seia e Covilhã ainda «não há motivos para alarme».
Menos rega e alertas enviados à população
A Câmara da Guarda não adianta qual o ponto se situação da barragem do Caldeirão, remetendo esse esclarecimento para a Águas do Vale do Tejo, que está encarregue da monitorização da albufeira. No entanto, na cidade mais alta já entraram em vigor medidas que visam reduzir o consumo de água. Segundo o vereador Sérgio Costa, administrador dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento, «reduzimos drasticamente as regas de espaços verdes em 95 por cento, mantendo apenas para sobrevivência». O autarca adianta ainda que estão a ser «difundidos alertas», nas faturas da água, que apelam ao consumo moderado.
No entanto, apesar das regas terem sido reduzidas, na tarde de terça-feira, em vários locais públicos da cidade, ainda havia rega e desperdício de água, tal como aconteceu na rotunda da VICEG, junto ao McDonald’s (ver imagem).
Lagoa Comprida não apresenta motivos para preocupação
Em plena Serra da Estrela, onde se acreditava que os recursos hídricos seriam infindáveis, a realidade mostra que não é bem assim. Exemplo disso é a aldeia de Vasco Esteves de Baixo, na freguesia de Alvoco da Serra (Seia), que viveu vários dias sem água.
As nascentes que abastecem aquela localidade têm um caudal mais baixo que o habitual e durante três dias não correu água nas torneiras. Os bombeiros, que no verão apagaram fogos, são agora chamados para abastecer as populações. No caso de Vasco Esteves de Baixo, o depósito só com nível acima da média consegue fazer chegar a água às habitações do ponto mais alto da aldeia. Contactado sobre este assunto, Carlos Filipe Camelo disse não ter conhecimento da situação, mas admitiu que «nalgumas comunidades de montanha pode haver algumas perturbações de nascentes», tratando-se apenas de «situações esporádicas». Quanto ao concelho, o presidente do município de Seia garante que «esta problemática não se coloca». Em outubro, a Lagoa Comprida, que abastece os concelhos de Seia, Gouveia e Oliveira do Hospital, apresentava um caudal de 59 por cento, segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente. «Por enquanto não temos sentido problemas. O concelho é abastecido por gravidade e são águas que não geram preocupação», assegurou. O edil refere que as “dores de cabeça” «são as consequências e as condições de 2018», como na Senhora do Desterro, que acredita poder vir a ter «problemas acrescidos na zona de captação».
Carlos Camelo adiantou ainda a O INTERIOR que o município vai candidatar-se a eventuais apoios de mitigação, «mas os nossos valores são muito a baixo das necessidades a nível nacional».
Pinhel com água para auxiliar municípios vizinhos
As barragens de Vascoveiro e de Bouça Cova, que abastecem a área do concelho Pinhel, «não apresentam motivos para preocupação».
Segundo fonte autárquica, os níveis de ambas as albufeiras «estão bem, acima de meio». A mesma fonte garantiu que caso os concelhos vizinhos venham a enfrentar problemas graves com o abastecimento, estas duas barragens «terão provavelmente capacidade para auxiliar». No entanto, como mais vale prevenir que remediar, por Pinhel está já a ser desenvolvida uma campanha de sensibilização junto das pessoas, «através de contacto direto, cartazes e publicações nas redes sociais».
«Quando a Covilhã estiver com falta de água, o resto do país está à míngua»
Que o nível da barragem do Lago do Viriato está muito abaixo da sua capacidade máxima não deixa dúvidas a ninguém (ver imagem), mas «ainda não há motivos para alarme», tranquiliza fonte da autarquia.
Lembrando que esta albufeira foi o suporte de abastecimento de vários incêndios que ocorreram na Serra da Estrela, é «normal que os níveis tenham descido», mas nada que preocupe o município, pois «existem minas e reservatórios de água, construídos nos últimos dois anos», que ajudam no abastecimento às populações. Por agora, tendo em conta o consumo normal de um covilhanense, «a garantia é que, até fevereiro, não há falta de água». Uma situação que está a ser «controlada ao detalhe», com a autarquia a sublinhar que «não há motivos para alarmismos, mas claro que temos de manter o bom senso de poupar água».
«Só quando virmos no calendário que nos próximos dias as previsões meteorológicas não são favoráveis é que colocaremos em prática eventuais medidas», adiantou a mesma fonte, que lembra que basta um nevão «para repor os níveis». «Quando a Covilhã estiver em situação de falta de água, o resto do país está à míngua», ironiza a fonte.
Ana Eugénia Inácio