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«O TMG tem de continuar a investir fortemente na sua afirmação cultural na região e no país»

Cara a Cara – Victor Afonso

P – Como carateriza hoje a orientação para programar as atividades no TMG?

R – A orientação tem um único sentido: qualidade e diversidade das atividades. Pretende-se construir uma programação assente nas principais artes de palco, como música, teatro e dança, capaz de atrair diversos públicos não só da Guarda, mas da região (e até do país). O Serviço Educativo não é esquecido para a importante formação de público. Para além de programar artistas nacionais e internacionais de todas as áreas disciplinares, o TMG não esquece também os criadores locais e regionais (músicos, atores, bailarinos, artistas plásticos, realizadores…) e grupos do meio associativo da comunidade, apoiando-os regularmente em apresentações e mostrando o seu trabalho no TMG.

P – Quais são as principais dificuldades que sente na programação?

R – A principal dificuldade, que é também um estimulante desafio, é a de fazer uma criteriosa seleção das propostas artísticas em detrimento de outras. Hoje, felizmente, vivemos num tempo de abundante criação em qualidade e quantidade. Há imensos projetos de teatro, dança e música de grande qualidade, mas não se pode programar tudo. Tem de haver coerência e equilíbrio. O excesso de propostas pode ser contraproducente. Para cada programação cultural com 60 atividades por trimestre (a média do TMG), há 4 ou 5 programações inteiras que ficam de fora. A outra dificuldade do exercício de programar tem a ver com a complexidade de gerir todas as variáveis que compõem o puzzle: saber se a disponibilidade dos artistas é compatível com a agenda do TMG, tentar estabelecer um equilíbrio de áreas artísticas, substituir espetáculos à última da hora, analisar as condições orçamentais e técnicas de cada proposta, dar estrutura à programação, etc.

P – O TMG já existe há 12 anos. Acha que atingiu a velocidade cruzeiro em termos de espectadores e de atividades?

R – Considero que essa velocidade de cruzeiro está atingida e estabelecida, mas acredito que pode evoluir até alcançar uma velocidade mais célere mas sempre sustentada face à realidade de públicos existentes. O TMG quer sempre mais público que frua as suas propostas, e o número de atividades atualmente praticado é o adequado em relação à dimensão da cidade e da região. O TMG tem uma riquíssima história cultural de 12 anos, com uma programação ininterrupta e sempre regular, com milhares de atividades realizadas, com largas dezenas de milhares de espetadores. Nos últimos anos os espetáculos do grande auditório têm tido uma taxa de ocupação bastante elevada (e muitas vezes com lotações esgotadas), mas é preciso continuar a trabalhar para captar mais público para as propostas artísticas de maior risco, como a dança contemporânea, o jazz, a música erudita, o cinema de autor ou o teatro menos convencional.

P – O que falta fazer para atrair mais gente para o TMG?

R – Continuar a investir fortemente na afirmação cultural do TMG na região e no país com uma programação abrangente e exigente. Apostar cada vez mais na divulgação e comunicação das propostas, nomeadamente, através de um plano de comunicação eficaz e ambicioso capaz de levar o nome do TMG ao maior número possível de pessoas.

P – Que espetáculos gostaria de trazer à Guarda no próximo ano?

R – Não me parece ético responder a esta questão porque, se revelo quais são esses espetáculos e não os conseguir ou puder trazer à Guarda, ficaria uma ideia de fracasso na opinião pública. Mas é claro que já estou a trabalhar de forma empenhada com vista a delinear uma programação de espetáculos e de artistas nacionais e internacionais de grande relevo e reconhecimento artístico de público e de crítica.

P – A dois meses do final do ano, qual é o balanço que faz da procura do TMG?

R – O balanço é bastante positivo. Houve quem vaticinasse o fim do TMG aquando da chegada do novo executivo, mas provou-se que se manteve vivo e dinâmico derivado de um assumido compromisso político na sua continuidade. Como referi, devemos continuar a trabalhar sempre com o objetivo de melhorar os índices de público e de diversificar a oferta cultural de qualidade. Nestes quatro anos na função de programador, o TMG tem tido uma boa média de 22.500 espetadores em cada ano, com públicos oriundos das mais diversas regiões do país e até de Espanha.

Perfil:

Programador do TMG

Idade: 48 anos

Profissão: Professor de Educação Musical

Naturalidade: Fóios (Sabugal)

Currículo: Professor, músico, programador cultural na Mediateca VIII Centenário, no Serviço Educativo do TMG e na programação artística do TMG desde 2014

Livro preferido: “Siddhartha”, de Hermann Hesse

Filme preferido: “O Meu Tio”, de Jacques Tati

Hobbies: BTT, leitura, música e cinema

Victor Afonso

Sobre o autor

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