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Contra fogo

Agora Digo Eu

Depois de todos os infortúnios por que passámos durante este período estival, onde a morte e a destruição marcaram presença, e dos quais somos obrigados a tirar inúmeras ilações, percebe-se que o figurino futuro terá de ser outro, pensado, repensado e posteriormente efetivado a fim de minimizar situações que podem novamente bater-nos à porta.

Infelizmente, os políticos deste país, aproveitando a desgraça, fizeram questão de apostarem num lamentável e execrável jogo onde o oportunismo e a baixaria foram as armas utilizadas. O CDS, numa de chicana política, onde o tacticismo da moção visou, única e exclusivamente, a luta pela liderança da direita, obrigando o fragilizado e resignado PSD a assumir o papel de pião de brega, o PS, visivelmente desnorteado, não soube lidar com tudo isto, demonstrando que a insensibilidade de Costa não passou de autêntica ingenuidade encaixando num processo de erro e autêntica argolada política, que por pouco não lhes saiu cara.

Marcelo, outro dos protagonistas, ao que parece, depois de combinar tudo com o Governo, antecipa-se, aproveita o momento, apresenta a sua recandidatura, onde a “inocência” da comunicação não cala a infeliz e triste postura. O que efetivamente me espanta é a surpresa demonstrada pelo PS, depois de perceber que o atual habitante do palácio “pink” fez uma campanha eleitoral sem apresentar uma única ideia e, honrando a sua palavra “O Presidente da República não dará um passo para provocar instabilidade no ciclo que vai até às autárquicas”, cumpriu e, como político “da esquerda da direita” nesta primeira “crise” deitou as garras de fora demonstrando que, afinal, Marcelo tem muito de Rebelo de Sousa.

Infelizmente é este o cenário político de um genuíno oportunismo e falta de decoro de “suas senhorias” neste país onde os poderes se dividem entre Presidente e Parlamento e o “campeão da popularidade e do afeto” (o que só lhe fica bem) invade sistematicamente competências que não são suas numa visível permissão constitucionalmente consentida e até tolerável. Joseph de Maistre afirmou que «cada povo tem o governo que merece» esquecendo-se que esse povo também tem presidente.

E se Puigdemont (no imbróglio em que se meteu) precisar de conselhos para a “sua república das bananas”, o melhor é aconselhar-se com Marcelo, o tal que no dia da sua vitória como Presidente desta República centenária permitiu a presença de bandeiras monárquicas. Pois é, na existência de fogo há sempre quem lance o contra fogo. E aqui chegados, é bom, é salutar, que os políticos portugueses sigam o melhor ensinamento de Sócrates: «Prudência no ânimo. Silêncio na língua e vergonha na cara».

Por: Albino Bárbara

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