O Zé cumpriu a ameaça e ganhou as eleições. Foi canja! Uma campanha de dedo em riste, como doutrina, para esconder o vazio do discurso.
Intolerante e crítico, esteve ali para julgar a História!
O Zé atrevido, marialva e populista, refinou-se na arte da sedução, do beijo e do abraço, apimentou quanto baste a brejeirice e nem precisou de falar do que não fez. Prometeu tudo, de novo, simplesmente. Bastou contar a história do coitadinho, fazer sonhar com o futuro e convencer que desta é que ia ser.
Contou com a benevolência da oposição e jogou com ela. A receita está para durar. Festa e mais festa desde o início e a acabar em apoteose.
O povo reduzido à condição de espetador. Não lhe é permitido sequer participar da festa. Assiste à representação. O Povo sempre agradecido por o ver a conjugar o verbo eu em todos os tempos e de todo o modo.
Sim, porque quem ganhou as eleições foi ele, o Zé!
O Zé anda nas nuvens, por onde passa pára, acena, ri, cumprimenta, manda beijinhos, orgulhoso do seu feito, olhando do alto do seu patamar. Sente que ganhou o direito ao pasmo geral, à reverência dos outros e conta com ela. Correu tudo tão bem!
Cada vez mais orgulhoso, continuará intolerante com a crítica, impiedoso na perseguição política, zeloso e inquisidor na vigilância, sobranceiro na resposta, diletante na ação. Agora, como previsto, a pretensão pode esperar, o projeto até adormecer, a estrada parar, o concurso interrompido, que já descobriu a fórmula mágica de vencer eleições. Diabolizar o passado e fazer sempre o Povo sonhar com o futuro!
O Zé sabe que o futuro só se vai conhecer quando for passado, iludindo assim todas as perguntas e respostas. Sim, o Zé sabe isso bem! O drama é que o tempo passa. Simplesmente passa. Passa por cima. Não condescende com a espera. Mas também não amnistia, nem cura as culpas de ninguém.
P.S.: Sou apenas responsável pelo que escrevo, mas já não por aquilo que os outros entendem.
Por: Júlio Sarmento
* Antigo líder da Distrital da Guarda do PSD e ex-presidente da Câmara de Trancoso