Já vem sendo tradição a primeira semana do mês de outubro ser dedicada à apresentação dos prémios Nobel pela Academia Sueca de Ciências. A tradição manteve-se e a semana passada começou com o reconhecimento conjunto do trabalho efetuado no estudo do relógio biológico do ser vivo por parte dos investigadores Jeferry C. Hall, Miichael Rosbash e Michael W. Young. Este Nobel valorizou as descobertas realizadas por estes três cientistas relacionadas com os mecanismos moleculares que controlam o ritmo circadiano.
Na terça-feira foi a vez da atribuição do Nobel da Física aos caçadores de ondas gravitacionais. Os três cientistas, ligados ao detector LIGO/VIRGO, Rainer Weiss, Barry C. Barish e Kip S. Thorne, foram galardoados pela contribuição para a observação das ondas gravitacionais. Estas ondas foram observadas, pela primeira vez, em setembro de 2015, ainda que só tenham sido anunciadas em fevereiro de 2016. Trata-se de uma descoberta que permite comprovar a teoria elaborada, há um século, por Albert Einstein.
Na quarta-feira, o foco do anúncio foi a Química, com o Nobel a ser concedido a três investigadores europeus pelo desenvolvimento da técnica de Criomicroscopia eletrónica. Jacques Dubochet, Joachim Frank e Richard Henderson desenvolveram uma tecnologia que nos deixa olhar para o interior das células, para a estrutura das suas moléculas e até para os seus ínfimos átomos. É a mais íntima perspetiva que temos das moléculas da vida e que nos pode ajudar a saber mais sobre doenças e a desenvolver fármacos.
Com o final da semana vieram os Nobel da Literatura e da Paz, que foram atribuídos, respetivamente, a Kazuo Ishiguro e à Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (ICAN). A Academia Sueca distinguiu o escritor inglês, que se tornou mundialmente conhecido com a obra “Os despojos dos dias”, pela «força emocional» dos seus romances. Quanto à ONG anti-nuclear, o Comité Nobel fundamentou a escolha devido ao apelo promovido pela Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares aos Estados detentores de armas nucleares que se comprometam a eliminar gradualmente os respetivos arsenais, estimando existir no mundo cerca de 15 mil armas nucleares. A Academia valorizou ainda «o renovado vigor» que as ações da ICAN permitiram dar aos esforços para libertar o mundo dos armamentos nucleares.
Por: António Costa