A nível nacional, o PS obteve a maior vitória de sempre e o PSD a maior derrota de sempre. Por seu turno, o Bloco e, em especial o PCP, devem estar a fazer contas à vida. Perder 10 câmaras é obra, e muitos comunistas começam a suspeitar que cometeram um erro estratégico fatal ao associarem-se à geringonça.
Por cá, nas eleições para a Câmara, e contra a maré nacional, o PSD alcançou “a maior vitória de sempre”: 61,2%, correspondentes a 14.476 votos, mais 2.254 do que há quatro anos. É uma vitória histórica, sublinhou Álvaro Amaro, sem dúvida o grande vencedor da noite. Aliás, “histórico”, “histórica”, “história” foram das palavras mais ouvidas na noite de domingo por esse país fora. Enfim, em Portugal, a subtileza e o sentido das proporções nunca foram qualidades da chamada “classe política” e dos jornalistas em geral. Voltemos aos resultados. O PS, com os seus 23,4% (5.523 votos), desceu a níveis impensáveis. Nem nos seus piores pesadelos Eduardo Brito imaginou um resultado destes. O resto dos partidos obteve resultados em linha com os totais nacionais. A “Guarda em Primeiro” (coligação CDS/ PPM/ MPT) aguentou bem o embate, com 1.321 votos (5.6%), ligeiramente acima dos resultados habituais do CDS. A CDU entrou em queda livre – passou de 925 para 499 votos. O Bloco, apesar de ter ultrapassado a CDU, sofreu uma pequena hemorragia, passando de 871 para 718 votos. O PSD foi, em princípio, quem mais beneficiou com uma pequena descida da abstenção, que se cifrou nos 39,1%.
O facto mais positivo nestas eleições foi o envolvimento de muita gente nova, sem qualquer experiência política anterior. Tirando o PSD, esse movimento de renovação alastrou-se a todos os partidos. Gente que se preocupa genuinamente com a sua terra e que, com sacrifício pessoal, deu a cara sem esperar nada em troca. Pessoalmente, estive envolvido com a coligação “Guarda em Primeiro” e pude verificar com os meus próprios olhos o que estou a afirmar.
Apesar de ter obtido um resultado honroso, tenho pena que Carlos Adaixo não tenha sido eleito vereador. Tenho pena pela Guarda. É um homem sério, sólido, bem-intencionado, que conhece bem a terra onde vive e que se preocupa com o que vê. A Guarda precisa de gente assim.
Sem uma boa oposição, não há bons executivos. Confio nos deputados municipais eleitos pela “Guarda em Primeiro”, Henrique Monteiro e Elsa Silva. Pela minha parte, já registei os “10 compromissos mais mobilizadores para os próximos anos” da “Guarda Confiante”. Cá estarei, atento, para verificar se são cumpridos. Entretanto, devido ao clima seco, espero sinceramente que as flores espalhadas pela Guarda não comecem a murchar brevemente. Uma decisão irracional deste executivo camarário, com um custo de centenas de milhares de euros, e que, por sinal, só o Carlos Adaixo teve a coragem e a lucidez de denunciar.
Por: José Carlos Alexandre