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A exigência

Crónica Política

A vida surpreende-nos com inusitada frequência e todos os dias nos parece anunciar novos amanhãs.

A lei da complexidade crescente da vida tem nas autarquias locais do distrito uma aplicação extensa. Somos vizinhos de todas as mudanças, demográficas, sociais e económicas. Estamos na fronteira de um tempo de novos paradigmas e quase no limiar mínimo da sustentabilidade, dos serviços e da economia da região. A sabedoria antiga aconselharia certamente mais solidariedade e maior exigência.

As próximas eleições nas autarquias locais serão oportunidade para verificar se voltarão inquietações iguais e objetivos sem mudança, embora se antecipe que todos não deixarão de compor a face, mudar os trajes e os cerimoniais, ou se se abraçam novas causas e novos desígnios. Seria esplêndido viver um tempo de comodidade neutral, não fossem esses problemas ser também os nossos problemas. Não há refúgio possível, a participação é mesmo obrigatória. O que cumpro pela opinião e pela participação cívica.

Não concebo o exercício da política sem ética, exigência e ambição. Num tempo de incerteza e num contexto territorial de abandono e resignação não se pode deixar de exigir qualificação e preparação aos candidatos para um mundo onde as metas disponíveis são progressivamente mais complexas.

Se não formos exigentes caímos na displicência perante a vida e o mundo. A complexidade crescente da vida autárquica e os desafios extremos que vivemos no distrito aconselhariam a que se premiasse nos candidatos a exigência e a ambição e se penalizasse a displicência e a deserção.

Reduzirmos as eleições autárquicas a um confronto tático meramente partidário ou ideológico tem conduzido à concretização no distrito de soluções patéticas, ineficazes, que nos têm feito marcar passo e caminhar para o abismo. E o silêncio de quem mais responsabilidades é cúmplice e tem animado o abuso. É tempo de maior exigência!

Por: Júlio Sarmento

* Antigo líder da Distrital do PSD da Guarda e ex-presidente da Câmara de Trancoso

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