Eu, vulgar cabeça, livre e sem amarras, de coração mole e arguta pena, voz desenraizada e incomodada por tanta hipocrisia por m2, apelo a todos os cérebros do altaneiro burgo e à massa cinzenta dos que ainda resistem e pensam por si próprios: dos intelectuais aos criadores, dos músicos aos cientistas, dos escritores aos colunistas, dos candidatados a cândidos candidatos ou aos descandidatados aliviados, que não se deixem embalar por manobras calculistas de alcatroamentos apressados, por plantações macabras de “outdoors” tristes, por revistas inodoras de propaganda couché, por voltas à volta da Guarda, por buracos tapados com paralelos, por passadeiras natalícias, por anjinhos com pé de chumbo, por mãos abertas de portas fechadas ou por um cristal que já cheira mal que de tão colorido e omnipresente, deixou de ser transparente, por si.
De repente, tudo deixou de ser Guarda, por si.
Tudo aparado e limpo, por si.
Tudo está florido, por si.
Tudo festejado, por si.
Tudo, por si.
E, quem manda sou eu, por si.
Fernando Costa, Guarda