«Rotina, pés, alinhamento. Levantar o queixo… É sempre igual», lembra Pedro Ascenso ao filho durante um pequeno treino de golfe. São estas as indicações base quando se pega num taco para jogar o desporto com mais praticantes no mundo, mas ainda com poucos adeptos na região. Um paradigma que a Quinta da Bica, em Gonçalo (Guarda), quer mudar a curto/médio prazo.
Na região não existem mais locais onde praticar a modalidade, o campo mais perto fica em Viseu, o que também pode levar «a que caia um pouco no esquecimento. As pessoas ainda não têm muito contacto com esta realidade». A Quinta da Bica tem cerca de sete alunos fixos ao longo do ano, mas àquele complexo chegam «sobretudo estrangeiro e emigrantes», revela Pedro Ascenso. «Nesta altura recebemos alguns estrangeiros que fazem férias nesta zona e, sobretudo na primeira quinzena de agosto, costumamos ter clientes que estão emigrados em França. Durante o ano temos também alguns clientes que têm casa na zona, mas que vivem noutra região do país», refere o treinador. Pontualmente vão tendo também algumas criança a experimentar o golfe aos fins-de-semana, que «são convidadas a experimentar enquanto os pais desfrutam do espaço», mas por enquanto a média de idades dos praticantes está entre os 45 e os 58 anos, o que pode mudar vir a mudar.
Pedro Ascenso gostava de ter também alunos mais jovens e no próximo ano letivo espera que possam chegar às escolas com o “Programa Júnior”. «Em vez de trazer os juniores ao golfe, será o golfe a ir às escolas», adianta o professor. A ser conseguido esse objetivo, será um projeto desenvolvido em parceria com a Federação Portuguesa de Golfe e que proporcionará a introdução da modalidade como atividade extracurricular e também nos tempos livres aos alunos do primeiro ciclo. Neste contexto, seria «dada uma formação aos professores das escolas e cedidos kits, com bolas especiais e tacos que não magoam», refere o responsável. O objectivo é que essas crianças, também com o apoio das Câmaras Municipais, pudessem frequentar o espaço da Quinta da Bica e participar futuramente em competições regionais e nacionais.
Para Pedro Ascenso, este é o caminho para que se possam abrir as portas do crescimento do golfe na região. «Muitos jovens vão experimentar, vão gostar e querer dar seguimento», antecipa o treinador. Além disso, chegar aos mais jovens pode significar também «captar os restantes elementos da família» para a modalidade, pois, contrariamente ao que muitas vezes se pensa, «o golfe não é um desporto individualista, também pode ser jogado em grupo e vivido com amigos ou em família». Esta é uma das características que faz Pedro Ascenso olhar para o golfe como «mais do que um desporto, é um estilo de vida, é uma paixão e só quem joga sabe o vício que é», garante. Professor da modalidade há 22 anos, foi aos 16 anos que surgiu o primeiro contacto. Foi durantes as férias de verão: «Na altura trabalhava num campo de golfe para ganhar uns trocos. Houve um dia que bati umas bolas e gostei. Ao fim de uma semana já estava a praticar diariamente. É uma paixão», assevera o responsável.
Depois desse verão passou a estudar à noite e trabalhava durante o dia, até que se dedicou «completamente ao golfe». Segundo o professor, não existe uma idade exata para se darem os primeiros na prática do golfe. «Depende da sua estrutura emocional, altura e força, mas 6 ou 7 anos é uma boa idade. O que não quer dizer que uma criança com 5 anos não possa começar a praticar», afirma Pedro Ascenso.
Não é um desporto caro
Para que o golfe se possa afirmar na região «há ainda um longo trabalho a fazer, tem que se trabalhar, divulgar e promover» e, ao contrário do que se possa pensar, «o golfe não é um desporto caro, as academias dão a possibilidade de jogar a um preço irrisório», garante o professor da modalidade. É o caso da Quinta da Bica, um campo «com todas as condições necessárias para o desenvolvimento de jogo de grupo e para ensinar ao mais alto nível».
Uma criança, inserida no “Programa Júnior”, pode pagar por mês entre 15 a 20 euros, consoante a categoria. Para adultos existem as aulas individuais que têm um custo de 30 euros por hora, no entanto existem pacotes com mais horas que ficam mais baratos. Para os iniciantes, o espaço disponibiliza ainda ao aluguer de tacos.
Ana Eugénia Inácio
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