O verão ainda vai a meio e só no outono arranca a época das vindimas, mas na Adega de Pinhel já se está de olhos postos na próxima campanha.
Os bons resultados da cooperativa são indiscutíveis e prova disso é a recente medalha de ouro atribuída no concurso de vinhos da Beira Interior ao Pinhel 65 anos Reserva – Tinto DOC 2015. Distinção que se deve «à inovação tecnológica e ao excelente trabalho do enólogo», sublinha Agostinho Monteiro, presidente da adega pinhelense, lembrando que «se não conciliarmos os bons recursos humanos com os recursos tecnológicos e algum bom trabalho que também se tem feito na vinha, não era possível chegarmos a este patamar». Para o enólogo Luís Ribeiro, há 25 anos a trabalhar na cooperativa de Pinhel, os bons resultados são também uma «consequência da reconversão, muito extensa, feitas nas vinhas dos associados», que levaram a uma mudança no perfil dos vinhos ali produzidos. Sem esconder a satisfação do ouro recentemente conquistado, o técnico prefere repartir os louros com toda a equipa: «Uma andorinha não faz a Primavera. Numa casa que recebe cerca 17 milhões de quilos de uvas, é um esforço conjunto de nós todos», afirma.
Luís Ribeiro orienta os trabalhos para que tudo corra da melhor maneira, «mas há um esforço de todos. Posso dirigir a banda, mas é preciso bons músicos e alguma sorte», acrescenta o enólogo. Para chegar à medalha de ouro foi necessário «uma selecção muito cuidada» quer das uvas, quer das madeiras a incorporar no vinho, explicou o especialista. Melhorar a cada ano é um dos objectivos da Adega de Pinhel, que acabou de investir numa nova cuba que vem introduzir um sistema de termovinificação. «Aqui estamos muito perto do Inverno: ou colhemos verde e seco, ou colhemos mais maduro e molhado. Ou seja, a janela de maturação é muito pequena», explica Luís Rodrigues. Através deste novo sistema será possível minimizar a falta de chuva e aquecer a uva, sem mais perdas de tempo.
Este investimento está ainda no início, «mas já temos a primeira pedra, um cuba com agitação interna, a sequência lógica já requere um investimento maior», refere o enólogo. Por agora, «vamos usar como uma forma diferente de macerar e fermentar a uva. É o primeiro tijolo. Espero que chegue até ao fim.» Sempre atentos à inovação tecnológica no setor, em 2014, os responsáveis da Adega investiram também num dos mais modernos sistemas de decantação de vinhos que permitiu aumentar a qualidade da produção. E a poucos meses de iniciar uma nova campanha prevê-se que a vindima não seja fácil: «Não temos água e vamos ter uma heterogeneidade de maturação muito grande», antecipa Luís Rodrigues.
A área social da Adega é muito vasta e há muita variedade, o que obriga a «gerir as zonas de maturação, para manter o melhor perfil», mas é possível que «este ano baixe a quantidade de uva». Segundo o especialista, algumas vinhas encontram-se em «stress híbrido e térmico», mas a cooperativa tem como obrigação colher «todas as uvas» dos associados. «O objetivo é fazer o melhor que se puder», sublinha o enólogo, para quem os brancos continuam a ser um «standard» da Adega, sendo um vinho que antes de ser colhido «já está vendido». Mas a aposta nos tintos também não vai ficar de lado. Luís Rodrigues espera continuar o trabalho que tem sido feito nos últimos anos e não duvida que «poderão vir mais medalhas», mas para isso é preciso «juntar esforços para conhecer melhor as vinhas para ter uma maior gestão e receber a uva no ponto certo. Um trabalho hercúleo que não está acabado», salienta.
Mais distinções são sempre bem-vindas, até porque «as medalhas validam o bom trabalho que estamos a fazer», reconhece Agostinho Monteiro, para quem «se nalguns vinhos conseguimos atingir medalha de ouro, é sinónimo de garantia de qualidade. São uma certificação do trabalho realizado internamente». Recentemente a Adega de Pinhel apostou também num armazém com 1.700 metros quadrados, que trouxe melhores condições de organização e de humidade, sendo assim possível centralizar toda a área de produto acabado e engarrafado.