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Amor Total

Bilhete Postal

Como a gasolina que incendeia tudo ao redor, como a marca que te dá energia, como o mais profundo calor que arde sem se ver, como o prédio que delira nas chamas, como a combustão das emoções, ele ama-a com todas as desculpas, ama-a na tolerância máxima, idolatra a sua presença em qualquer ocasião e sustenta-a se tropeça. Ama a mulher como nunca vi ninguém e desse modo é cego aos seus defeitos, é surdo às definições dos demais, é impermeável a qualquer malícia ou sugestão. O Amor total existe e pode ser recíproco e assim chegamos ao livro, ao romance dos sonhos, ao registo da paixão sem par. Amor total pode ser menor se não cura a doença, se não se apercebe dos sinais maus, se não vislumbra os sintomas. O amor total que não vê é fanático. O amor total que separa e isola é possessivo e ciumento e, portanto, é tirano. O Amor tolerante a tudo é como os líquidos, derrama-se na relação, afoga a divergência. Mas a verdade é que a beleza destes amores cheios é comovente. No amor total não há ciúme e não há posse porque a submissão vem da crença infundada, da verdade construída em fé. É mais próximo da divindade que da carne. O amor total é uma doença das relações porque não protege. Como a coragem que não existe sem medo. Como a decisão fundamentada que não existe sem dúvida e sem opções. 

Por: Diogo Cabrita

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